23 dezembro 2007

Tudo de Bom


Gostar de ver você sorrir
Gastar das horas pra te ver dormir
Enquanto o mundo roda em vão
Eu tomo o tempo
O velho gasta solidão
Em meio aos pombos na Praça da Sé
O pôr do Sol invade o chão do apartamento

Vermelhos são seus beijos
Que meigos são seus olhos
Ver que tudo pode retroceder
Que aquele velho pode ser eu
No fundo da alma há solidão
E um frio que suplica um aconchego

19 dezembro 2007

Mulher em Branco




Laura, grávida, casa com Paulo. Anos mais tarde separam-se, e numa tarde Paulo perde Afonso o filho, durante o passeio. Telefona a Laura que fica em choque e perde a memória, assim começa este romance.
Através da história de Laura e Paulo, conhecemos Dulce (lésbica) irmã de Paulo, e Sérgio (paraplégico e homossexual) irmão de Laura.
Conhecemos ainda os protectores pais de Laura, e a violência do Pai de Paulo, que antagoniza com a submissão da Mãe que morre.









Uma criança desaparece. Estava à guarda do pai. O choque da notícia atira a mãe para um abismo de amnésia. Sem memória, é incapaz de chorar um filho que não sabe que tem. Como podemos continuar a viver se caminhamos vazios. E há um homem que arranja uma amante enquanto visita a mulher no hospital. Ladrões que roubam cinzas de uma morta. Há as maldades desumanas do amor, um sopro pérfido que o diabo sussurra aos ouvidos. Em fundo, a irracional violência do divórcio. A bestialidade das palavras que atiramos uns aos outros como pedras. Uma mulher que espera ainda e sempre, à janela. Porque o coração é um bicho e não ouve. E uma pergunta a que não se ousa responder: Para onde vão os amores que foram um dia?




uma escrita crua, entrecortada por pensamentos e divagações pragmáticas e sarcásticas, de quem vê a vida como fatalidade incontornável, na óptica do «pode sempre piorar» ou do «não há nada a fazer», «é assim». um retrato do indizível, arriscado para uma figura pública que desperta paixões e ódios difíceis de esquecer fora do contexto. Tardei em ler pelo preconceito: não gosto da imagem, nem da postura de arrogância, mas depois lê-se e esquece-se a imagem, constrói-se outra... e ama-se a escrita, os retratos secos, e cria-se a empatia... e é mais!



«sonâmbula
sonâmbula
atirar-me para a cama e dormir a noite toda e a manhã toda e verificar no relógio que já é de tarde e dormir a tarde toda de seguida, sem fraldas, toalhetes húmidos, caixinhas de música de embalar que invariavelmente só me adormecem a mim e ao invés despertam no bebé sinfonias de choro requebrado, cai-me a cabeça sobre a roupinha dele na cadeira, surda
Ando mas não vejo
Acordo mas não estou»

«porque há um muro, um paredão grosso, intransponível, denso, que nos afasta, melhor dizendo, que se interpõe entre nós, porque duas pessoas serão sempre isso, duas pessoas, e em cada uma um vulcão de diferentes erupções, que palavra nenhuma traduz, um fogo ou um lado tranquilo, que não se consegue simplesmente traduzir ao dizer
- tenho aqui um fogo
- há hoje em mim um lago tranquilo
Porque duas pessoas são duas pessoas, não uma como a poesia do romance que te engana, não chegas nunca lá, às cavernas onde o teu coração ensaia magnitudes várias, ainda que durmam juntos, que comam juntos, que deêm as mãos, que viajem, que jurem nunca se separar e de facto não passem um minuto um sem o outro, por mais que se olhem, em silêncio, compenetrados, se olhem concentrados à espera de descobrir um fogo, uma mansa bacia de um rio preguiçoso, resta-te acreditar
Ou não»

«dizer-te as palavras certas mas tão pequeninas para que entendas, para que entendas, não apenas ouças, que se pode não ser capaz do que sabemos ser o correcto, e iríamos por aqui fora, com palavras para trás e para a frente, cada um com o seu saco de onde iríamos tirando à vez o que se segue
(…)
esquece as palavras. São doutro reino. Um coração não as decifra. Bate mais depressa ou mais devagar. É um bicho. E não ouve.»

«como pode acontecer-nos uma vida e caminharmos vazios»

«quando o coração dos outros se apaga não há nada que possamos fazer»

«tranquilidade de não pertencer. Nenhuma expectativa, nenhuma angústia.»

«sou inteiro. sou mil pedaços. ruminante e ubíquo.»

«a lutar, a lutar ainda, incapaz de aceitar que se perde sempre contra um coração, um coração que é um bicho, ninguém arranja nome para isto, que nome dar a isto, o dragão, a besta, o falso profeta, que é isto que se passa no coração da gente, onde a verdade e a mentira se agridem até à morte»



[Rodrigo Guedes de Carvalho - Mulher em Branco. Publicações Dom Quixote. 2006]

15 dezembro 2007

Peer Gynt

É a Miriam que nos atrai a um Concerto de Natal, com a Orquestra Sinfónica da Escola Superior de Música de Lisboa, sob a batuta do maestro Vasco Pearce de Azevedo.





O programa clássico da época ao qual nunca assisti. Mas o Palácio da Ajuda chamou com força, a sala D. Carlos esperava-nos e quando se ergueu o som do Peer Gynt de Edvard Grieg, já não havia volta a dar. Fiquei pregada, dormente, completamente envolvida em sons desconhecidos, familiares, em tons de cordas e piano, e sopros, numa harmonia 'sem dizente', num êxtase de ausência preenchida. Rostos desconhecidos, familiares... vozes, muitas vozes.




Seguiu-se o piano e Camille Saint-Saëns. Não sei o que impressionou mais, se os sons desconhecidos e surpreendentes, se a capacidade interpretativa de Eduardo Jordão, afinal um jovem tão próximo de Tomar, quanto hoje me posso considerar. E aquele piano de cauda magnífico. e aquele bem-estar tão raro que anseio guardar num frasco e tomá-lo agora e amanhã, e depois... sempre que precisar.



O concerto encerrou com Mozart. O inevitável, sem surpresas. Mas senti-me satisfeita e renovada.
E depois do conserto proporcionado pela música, pelos dizeres ao coração, o convívio: esse velho sábio que nos aquece, que nos faz sentir humanos, sempre humanos.
Obrigada minhas queridas e meus queridos! Valeu cada segundo.


12 dezembro 2007

Crucificação


.

Vertical sou contra Deus
Horizontal a favor.
Nesta cruz me crucifico
Vertical com desespero
Horizontal com amor.


[Natália Correia]

07 dezembro 2007

Apologize

I'm holding on your rope,
Got me ten feet off the ground
And I'm hearing what you say but I just can't make a sound
You tell me that you need me
Then you go and cut me down, but wait
You tell me that you're sorry
Didn't think I'd turn around, and say...

That it's too late to apologize
It's too late
I said it's too late to apologize
It's too late

I'd take another chance, take a fall
Take a shot for you
And I need you like a heart needs a beat

But it's nothing new
I loved you with the a fire red
Now it's turning blue, and you say...
"Sorry" like the angel
Heaven let me think was you
But I'm afraid...


I'm holdin on your rope, got me ten feet off the ground...


[muitas vezes refiro que as desculpas não se pedem, evitam-se e pauto a minha vida por essa máxima evitando magoar, evitando fazer aos outros aquilo que a mim magoa. todavia como não somos todos iguais, há coisas que me magoam e não magoam os outros e coisas que acho triviais e os magoam a eles. continuo a não gostar que me magoem, mas sei aceitar um pedido de desculpas, continuo, no entanto, a preferir que não seja preciso que me peçam desculpas nem que seja necessário pedi-las. não me farei, no entanto, de vítima quando perceber que errei e magoei, só para evitar pedir desculpas. e nisso: ainda tens muito que aprender. tal como tens de aprender que um pedido de desculpas não é um penso rápido que se usa sempre que dá jeito e que se tira quando a ferida já não sangra. um pedido de desculpas tem de ser, no mínimo, sincero e é preciso aprender que, se originou um pedido de desculpas, aquele erro não é para voltar a cometer.]

02 dezembro 2007

Eragon


Muito antes dos pais de seus avós nascerem e mesmo antes dos pais deles, os Cavaleiros do Dragão foram formados. Proteger e zelar era a sua missão e, durante milhares de anos, eles tiverem sucesso. Sua destreza nas batalhas era inigualável, pois cada um deles tinha a força de dez homens. Eles eram imortais, a não ser que atingidos por lâmina ou veneno. Os seus poderes eram usados apenas para o bem e, sob sua tutela, foram construídas grandes cidades e torres de pedra viva. As riquezas jorravam para as cidades de Alagaesia, e os homens prosperavam.
Embora nenhum inimigo pudesse destruí-los, eles não conseguiram se proteger de si mesmos. E um dia, no auge de seu poder, nasceu um garoto, Galbatorix. Aos dez anos, ele foi testado e viram que nele residia um grande poder. Os Cavaleiros o aceitaram como um dos seus e ele superou todos os demais em habilidade. Dotado de uma mente atilada e um corpo forte, ele rapidamente se destacou entre os Cavaleiros.

Os Cavaleiros tornaram-se arrogantes com seu poder e ignoraram a prudência. Durante uma viagem descuidada, Galbatorix e dois amigos foram emboscados, seus amigos foram assassinados e o seu dragão foi morto. Durante meses, ele vagou, cada dia mais insano, até que foi encontrado inconsciente por um bondoso fazendeiro e foi devolvido ao conselho dos Cavaleiros.

Quando os Cavaleiros se recusaram a lhe conceder outro dragão, Galbatorix ficou louco de raiva. Jurando se vingar dos Cavaleiros, ele começou a aperfeiçoar-se no uso dos segredos negros que havia aprendido com um Espectro. Um dia, na escuridão da noite, ele roubou um ovo de dragão e convenceu Morzan, um Cavaleiro parvo, a juntar-se a ele na prática dos segredos negros e da magia proibida. Juntos eles ganharam força e travaram uma guerra de vingança contra os Cavaleiros. Outros doze Cavaleiros, que desejavam poder e vingança, juntaram-se a Galbatorix, e eles tornaram-se os Treze Renegados.

Na última batalha sangrenta, Galbatorix [John Malkovich] conseguiu dominar a todos e proclamou-se rei de toda a Alagaesia. E, desde aquele dia, ele governa.


Quando Eragon encontra uma pedra azul polida na floresta, acredita que poderá ser uma descoberta bendita para um simples rapaz do campo: talvez sirva para comprar carne para manter a família durante o Inverno.

Mas é então que nasce uma cria de dragão e movido pela curiosidade, Eragon aproxima-se de Brom (Jeremy Irons), um velho louco, que conta histórias de Cavaleiros e Dragões. Depressa Eragon se apercebe de que está perante um legado tão antigo como o próprio Império.
De um dia para o outro, a sua vida muda radicalmente, e ele é atirado para um perigoso mundo novo de destino, de magia e de poder. Empunhando apenas uma espada legendária e levando os conselhos de Brom, antigo Cavaleiro de Dragões, Eragon e o jovem dragão terão de se aventurar por terras perigosas e enfrentar inimigos obscuros, dum Império governado por um rei cuja maldade não conhece fronteiras. Conseguirá Eragon alcançar a glória dos lendários heróis da Ordem dos Cavaleiros do Dragão? O destino do Império pode estar nas suas mãos.

[um filme de esperança no improvável. expressão adocicada e previsível do maniqueísmo e a certeza que o bem vence. nada de novo, tudo previsível, mas é tão bom quando assim é para podermos ter um serão tranquilo e cheio de sonhos cor-de-rosa]

30 novembro 2007

Erros meus, má fortuna, amor ardente



Erros meus, má fortuna, amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a fortuna sobejaram,
Que pera mim bastava amor somente.

Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa [a] que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.

De amor não vi senão breves enganos.
Oh! quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!



[Grande Camões... será sempre grande!]

20 novembro 2007

Into the Night



Like a gift from the heavens, it was easy to tell,
It was love from above, that could save me from hell,
She had fire in her soul it was easy to see,
How the devil himself could be pulled out of me,
There were drums in the air as she started to dance,
Every soul in the room keeping time with their hands,
And we sang…

Ay oh ay oh ay oh ay,
And the voices rang like the angels sing,
And singing…
Ay oh ay oh ay oh ay,
And we danced on into the night,

Like a piece to the puzzle that falls into place,
You could tell how we felt from the look on our faces,
We was spinning in circles with the moon in our eyes,
No room left to move in between you and I,
We forgot where we were and we lost track of time,
And we sang to the wind as we danced through the night,
And we sang…





[non-sense, ritmo... toca a abanar a anca! entra completamente no ouvido, e claro a bela da guitarra do Santana... é bonito! e anima...]

ainda com o mestre Santana e o menino bonito Alex dos The Calling Why don't you and I

13 novembro 2007

Elizabeth: The Golden Age


Na sequência de Elizabeth (1998), Shekhar Kapur explora a biografia da Rainha Virgem (1533-1603) que ascendeu ao trono inglês no meio da polémica da bastardia, lutas entre cristãos e protestantes, descoberta das Américas.

A meio do seu reinado, a rainha enfrenta o poder da religião e a traição. O rei de Espanha está determinado a desafiar o seu poder com o objectivo de restabelecer o catolicismo em Inglaterra e Elizabeth prepara-se para a guerra. Mas ao mesmo tempo tem de equilibrar os seus deveres reais com uma suposta paixão proibida por sir Walter Raleigh (Clive Owen) (pirata aventureiro que tenta colonizar a América e que na trama acaba por desempenhar o papel que na História terá tido Francis Drake?). A solidão e o medo acabam por levar a Rainha ao desespero, especialmente quando percebe que ninguém é capaz de a amar por ela mesma, apenas pelo interesse de ser quem é.




Com a avassaladora Cate Blanchett, no papel de uma rainha amarga, possuída pela dor da solidão e pela abnegação a favor de um povo, de um ideal, de um destino. Assustada pelo peso da ameaça da maior potência do século XVI e pelo medo de poder estar errada quando todos dependem dela.

Jordi Molla inquietante no papel do fervoroso, dogmático e alucinado Rei Filipe II (I de Portugal). A caricatura poderá ser exagerada, mas apetece a qualquer português achincalhar ainda mais o «tontinho». Geoffrey Rush, muito discreto, demasiado discreto se estivermos acostumados às brilhantes interpretações de Quills, Shine e mesmo Piratas das Caraíbas. Clive Owen deslumbrante, mas completamente aturdido pela «luz» de Cate Blanchette. Em Inglaterra reinou uma rainha, serva de nenhum homem, e neste filme, houve uma protagonista que não deixou brilhar mais nenhuma estrela.


A fotografia, banda sonora, realização estão excelentes, no entanto, a sequela peca pela exploração fácil dos so callled amores proibidos, quando a trama histórica é, na minha opinião, bem mais interessante que o «clima de alcofa».

09 novembro 2007

Saturday Night




Today shes been working, shes been talking, shes been smoking,
But itll be alright,
Cos tonight well go dancing, well go laughing, well get car sick,
And itll be okay like everyone says, itll be alright and ever so nice,
Were going out tonight, out and about tonight.

Oh, whatever makes her happy on a saturday night,
Oh whatever makes her happy, whatever makes it alright.

Today shes been sat there, sat there in a black chair, office furniture,
But itll be alright,
Cos tonight well go drinking well do silly things,
And never let the winter in,
And itll be okay like everyone says, itll be alright and ever so nice,
Wele going out tonight, out and about tonight.

Oh, whatever makes her happy on a saturday night,
Oh, whatever makes her happy, whatever makes it alright.

Well go to peepshows and freak shows,
Well go to discos, casinos,
Well go where people go and let go

Oh whatever makes her happy on a saturday night...



[dos fundilhos do baú!!! que recordações... de uma grande dor de crescimento! mas a música é linda e a mensagem também... fazer alguém feliz! há quanto tempo não fazes alguém feliz?]

03 novembro 2007

A Pantera



De percorrer as grades o seu olhar cansou-se
E não retém mais nada lá no fundo,
Como se a jaula de mil barras fosse
E além das barras não houvesse mundo.

O andar elástico dos passos fortes dentro
Da ínfima espiral assim traçada
É uma dança da força em torno ao centro
De uma grande vontade atordoada.

Mas por vezes a cortina da pupila
Ergue-se sem ruído – e uma imagem então
Vai pelos membros em tensão tranquila
Até desvanecer no coração.


Rainer Marie Rilke

[tradução de Vasco Graça Moura]
.
[já se sentiram presos a uma sensação de impotência? de consciencialização que é preciso mudar algo, mas não conseguem mudar nada? como se os movimentos estivessem entorpecidos, como se a vontade não bastasse? Eu não... porque quando é preciso mudar, eu mudo!]

01 novembro 2007

Visions of Atlantis





Visions of Atlantis são uma banda austríaca de Power Metal. Combinam letras existencialistas e sentimentais com o poder dos instrumentos eléctricos, com arranjos clássicos e melódicos. Batidas rápidas, guitarradas e arranjos vocais que alternam a voz doce da soprano Melissa Ferlaak , com a voz masculina de Mario Plank, resultando numa invulgar combinação.

Seguindo a tradição metaleira, as suas letras são inspiradas na mitologia, contendo um alto teor simbólico e místico.



Acabam de lançar o álbum Trinity com os fantásticos: The Poem; Seven Seas;




I know not the words to make you stay,
Yet they are engraved on your face.
This secret language, I cannot speak,
Only whisper on the breeze.

My breath, these tears, my cries, all curled up inside.
Haunting apparitions that are hidden to the dark light of day.

Our destiny shall arrive, someday Angel,
I will come to you.
Our fates shall coincide, one day, dear child,
I will come for you.

Cruel means took you far away from here,
Yet your ghost has inspired me.

I shall walk in shadows under the sun,
Awaiting your faithful call.

My breath, these tears, my cries, all caught up inside.
Celestial apparitions that are shaded in the dark light of day.

Our destiny shall arrive, someday Angel,
I will come to you.
Our fates shall coincide, one day, dear child,
I will come for you.

What once was lost is now found deep inside of your soul
Cry out for me and I will return to you.

Our destiny shall arrive, someday Angel,
I will come to you.
Our fates shall coincide, one day, dear child,
I will come for you.

I return to you...








[Farão a primeira parte dos Kamelot para a tournée 'Kamelot's Ghost Opera European Tour Part II 2008']

28 outubro 2007

The Kingdom

Um filme bastante educativo sobre as «relações petrolíferas» dos EUA e a Arábia Saudita (o Reino). E quando é necessário manter as 'boas relações diplomáticas' as aparências são fundamentais e nada consentâneas com ataques terroristas, assassinatos e incompetências policiais dos sauditas. Porque afinal, os americanos são 'grandes' investigadores: «os melhores» como dito no filme, e isso é uma característica inata, digna do «povo escolhido». Mas o «povo escolhido» a Ocidente é infiel no Médio Oriente e por isso é necessário matá-lo.
A eterna luta camuflada atrás da religião: por Alá, por Deus; e o abuso de uso da imagem das crianças como o elo de ligação entre povos culturalmente tão distintos.

«como se combate um inimigo que não tem medo da morte? a resposta reside para o realizador Peter Berg em: «mostra-se-lhe uma criança». E como se consola alguém que acabou de perder um ente querido: «sussura-se: vamos matá-los todos». A inocência e a vingança a uma distância tão confusa.

Brilhantes interpretações de Jamie Foxx (ai! que este homem tira-me do sério); Cris Cooper e Jennifer Gardner (apesar de demasiado piegas, no entanto, é o seu feeling feminino que resolve o puzzle).

Nota negativa para a ridicularização tanto da família real como da diplomacia americana. Nota positiva para o evidenciar de que nem todos são iguais e não deveremos julgar um homem pela sua família e pelas atrocidades que alguns membros do seu povo cometem.

21 outubro 2007

o essencial é invisível aos olhos

... Julgava-me muito rico por ter uma flor única no mundo e, afinal só tenho uma rosa vulgar... Foi então que apareceu uma raposa .

- Olá, bom dia! disse a raposa.

- Olá, bom dia! - Respondeu delicadamente o principezinho... -Anda brincar comigo - pediu o principezinho. Estou tão triste...

- Não posso ir brincar contigo - disse a raposa. - Ainda ninguém me cativou... Andas á procura de galinhas?

- Não... Ando á procura de amigos. O que é que "cativar" quer dizer? ...

- Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.

- Laços? Sim, laços - disse a raposa. - ... Eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo e eu serei para ti, única no mundo... Tenho uma vida terrivelmente monótona... Mas se tu me cativares, a minha vida fica cheia se Sol. Estás a ver, ali adiante, aqueles campos de trigo? ... não me fazem lembrar de nada. É uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então quando eu estiver cativada por ti, vai ser maravilhoso! Como o trigo é dourado, há-de fazer-me lembrar de ti... - Só conhecemos as coisas que cativamos - disse a raposa. - Os homens, agora já não tem tempo para conhecer nada. Compram as coisas feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não tem amigos. Se queres um amigo, cativa-me!

-E o que é preciso fazer? - Perguntou o principezinho.

- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada . A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas todos os dias te podes sentar mais perto... Se vieres sempre ás quatro horas, ás três já eu começo a ser feliz...

Foi assim que o principezinho cativou a raposa. E quando chegou a hora da despedida:

- Ai! - exclamou a raposa - Ai que me vou pôr a chorar...

- ... Então não ganhaste nada com isso!

- Ai isso é que ganhei! - disse a raposa. - Por causa da cor do trigo... Depois acrescentou: - Anda vai ver outra vez as rosas. Vais perceber que a tua é única no mundo.

O principezinho lá foi... - vocês não são nada disse-lhes ele. - Não há ninguém preso a vocês... - não se pode morrer por vocês... ... A minha rosa sozinha. vale mais do que vocês todas juntar, porque foi a ela que eu reguei, que eu abriguei... Porque foi a ela que eu ouvi queixar-se, gabar-se e até, ás vezes calar-se. Porque ela é a minha rosa.

E então voltou para ao pé da raposa e disse:

- Adeus...

- Adeus - disse a raposa. - vou-te contar o tal segredo. É muito simples: Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos... Foi o tempo que tu perdes-te com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante. - Os homens já se esqueceram desta verdade - disse a raposa. Mas tu não te deves esquecer dela. Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que está preso a ti. Tu és responsável pela tua rosa...



[«O Principezinho» Antoine De Saint-Exupery]






[não sei quantas vezes já li este livro, nem quantas mais o lerei... sempre que me esqueço que a criança vive, sempre que quero acreditar que não estou só... sempre que percebo o quão difícil é cativar e ainda mais deixar-se cativar... este cativo que me tem cativa... e cada vez que partem, lembro-me que por muito tempo que lhes tenha dedicado, não ficou nenhum campo de trigo para lembrar e é preciso lavar a mágoa para o próximo cativeiro...]




"Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós".

18 outubro 2007

despedida

[orfeu e eurídice by Rodin]


Antecipa-te a toda a despedida, como se ela te ficasse
já para trás, como o inverno que está a partir.
Pois entre invernos há um tão sem-fim inverno
que, sobre-hibernando-o, o teu coração sobreviverá.

Sê sempre morto em Eurídice - , mais cantante sobe,
Mais celebrante sobe e volta à pura relação.
Sê aqui, entre os efémeros, no reino do declínio,
Sê cristal tininte que já no tinido se quebrou.

Sê – e sabe ao mesmo tempo a condição do não-ser,
A infinda razão do teu íntimo vibrar
Pra a cumprires totalmente esta única vez.

Às reservas usadas, como às surdas e mudas,
Da natureza plena, às somas incontáveis
Soma-te a ti com júbilo e destrói o número.



Rainer Maria Rilke (1875-1926)
Sonetos a Orfeu
(tradução de Paulo Quintela)


[esta coisa de viver sempre a antecipar as despedidas conforma-nos, mas não sei até que ponto não as provoca... enfim! para já estou em tempo de despedidas: grandes despedidas]


15 outubro 2007

Lost by Anouk

If roses are meant to be red
and violets to be blue
why isnt my heart ment for you
my hands are longing to touch you
I can barely breathe
starry eyes that make me melt
right in front of me

lost in this world
I even get lost in this song
and when the lights go down
that is where I'll be found

this music's irresistable
your voice makes my skin crawl
innocent and pure
I guess you heard it all before

mister inaccessible
will this ever change
one thing that remains the same
you're still a picture in a frame

lost in this world
I even get lost in this song
and when the lights go down
that is where I'll be found
I get lost in this world
I get lost in your eyes
and when the lights go down
that is where I'll be found

yeah yeah

lost in this world
I get lost in your eyes
so when the lights go down
am i the only one


[outra brilhante, com tudo a ver: One Word]

09 outubro 2007

A Voz dos Deuses

[Viriato por Carlos Alberto Santos]


A Voz dos Deuses é já um clássico do romance histórico português contemporâneo. Uma leitura apaixonante que nos dá a conhecer a história de Viriato, um dos construtores da realidade ibérica.

Em 147 a.C., alguns milhares de guerrilheiros lusitanos encontram-se cercados pelas tropas do pretor Caio Vetílio. Em princípio, trata-se apenas de mais um episódio da guerra que a República Romana trava há longos anos para se apoderar da Península Ibérica. Mas os Lusitanos, acossados pelo inimigo, elegem um dos seus e entregam-lhe o comando supremo. Esse homem, que durante sete anos vai ser o pesadelo de Roma, chama-se Viriato.

Entre 147 e 139, ano em que foi assassinado, Viriato derrotou sucessivos exércitos romanos, levou à revolta grande parte dos povos ibéricos e foi o responsável pelo início da célebre Guerra de Numância. Viriato foi um verdadeiro génio militar, político e diplomático. Mas, sobretudo, Viriato foi o defensor de um mundo que morria asfixiado pelo poderio romano: o mundo em que mergulham as raízes mais profundas de Portugal e de Espanha. É esse mundo, já então em declínio, que este livro tenta evocar.



[um retrato apaixonante das lutas contra as legiões romanas, contra o opressor; da vontade férrea de independência com sacrifícios de vida, de amor. O retrato visionário e a consciência da importância da honra e dos princípios que pautam a conduta humana. A crença nos deuses, na sua protecção, nos seus milagres, quando se torna difícil acreditar nos milagres humanos. Um livro fascinante que se lê de um sopro e que nos marca como uma esperança.]


08 outubro 2007

zzyzx road

I don't know how else to put this.
It's taken me so long to do this.
I'm falling asleep and I can't see straight.

My muscles feel like a melee,
My body's curled in a U-shape.
I put on my best, but I'm still afraid.

Propped up by lies and promises.
Saving my place as life forgets.
Maybe it's time I saw the world.

I'm only here for a while.
Patience is not my style,
And I'm so tired that I got to go.

Where am I supposed to hide now?
What am I supposed to do?
Did you really think I wouldn't see this through?

Tell me I should stick around for you.
Tell me I can have it all.
I'm still too tired to care and I got to go.

I get to go home in one week.

But I'm leaving home in three weeks.
They throw me a bone just to pick me dry.

I'm following suit and directions.
I crawl up inside for protection.
I'm told what to do and I dont know why.

I'm over existing in limbo
I'm over the myths and placebos
I dont really mind if I just fade away

I'm ready to live with my family.
I'm ready to die in obscurity
Cause I'm so tired that I got to go.

Where am I supposed to hide now?
What am I supposed to do?
You still don't think I'm gonna see this through?

Tell me I'm a part of history.
Tell me I can have it all.
I'm still too tired to care and I got to go.



[ou na versão mais curta: 'I'm drowning in dry land'... quando irei sair deste naufrágio?]

03 outubro 2007

Que serais-je sans toi [Louis Aragon]




Que serais-je sans toi qui vins à ma rencontre
Que serais-je sans toi qu'un cœur au bois dormant
Que cette heure arrêtée au cadran de la montre
Que serais-je sans toi que ce balbutiement.

J'ai tout appris de toi sur les choses humaines
Et j'ai vu désormais le monde à ta façon
J'ai tout appris de toi comme on boit aux fontaines
Comme on lit dans le ciel les étoiles lointaines
Comme au passant qui chante on reprend sa chanson
J'ai tout appris de toi jusqu'au sens du frisson.

Que serais-je sans toi qui vins à ma rencontre
Que serais-je sans toi qu'un cœur au bois dormant
Que cette heure arrêtée au cadran de la montre
Que serais-je sans toi que ce balbutiement.

J'ai tout appris de toi pour ce qui me concerne
Qu'il fait jour à midi, qu'un ciel peut être bleu
Que le bonheur n'est pas un quinquet de taverne
Tu m'as pris par la main dans cet enfer moderne
Où l'homme ne sait plus ce que c'est qu'être deux
Tu m'as pris par la main comme un amant heureux.

Que serais-je sans toi qui vins à ma rencontre
Que serais-je sans toi qu'un cœur au bois dormant
Que cette heure arrêtée au cadran de la montre
Que serais-je sans toi que ce balbutiement.

Qui parle de bonheur a souvent les yeux tristes
N'est-ce pas un sanglot que la déconvenue
Une corde brisée aux doigts du guitariste
Et pourtant je vous dis que le bonheur existe
Ailleurs que dans le rêve, ailleurs que dans les nues.
Terre, terre, voici ses rades inconnues.

Que serais-je sans toi qui vins à ma rencontre
Que serais-je sans toi qu'un cœur au bois dormant
Que cette heure arrêtée au cadran de la montre
Que serais-je sans toi que ce balbutiement.



[o amor é perigoso! Sim – responde o anjo – e então?]

01 outubro 2007

Outro Testamento

Quando eu morrer deitem-me nu à cova
Como uma libra ou uma raiz,
Dêem a minha roupa a uma mulher nova
Para o amante que a não quis.

Façam coisas bonitas por minha alma:
Espalhem moedas, rosas, figos.
Dando-me terra dura e calma,
Cortem as unhas aos meus amigos.

Quando eu morrer mandem embora os lírios:
Vou nu, não quero que me vejam
Assim puro e conciso entre círios vergados.
As rosas sim; estão acostumadas

A bem cair no que desejam:
Sejam as rosas toleradas.
Mas não me levem os cravos ásperos e quentes
Que minha Mulher me trouxe:
Ficam para o seu cabelo de viúva,
Ali, em vez da minha mão;
Ali, naquela cara doce...
Ficam para irritar a turba
E eu existir, para analfabetos, essa correcta irritação.

Quando eu morrer e for chegando ao cemitério,
Acima da rampa,
Mandem um coveiro sério
Verificar, campa por campa
(Mas é batendo devagarinho
Só três pancadas em cada tampa,
E um só coveiro seguro chega),
Se os mortos têm licor de ausência
(Como nas pipas de uma adega
Se bate o tampo, a ver o vinho):
Se os mortos têm licor de ausência
Para bebermos de cova a cova,
Naturalmente, como quem prova
Da lavra da própria paciência.

Quando eu morrer. . .
Eu morro lá!
Faço-me morto aqui, nu nas minhas palavras,
Pois quando me comovo até o osso é sonoro.

Minha casa de sons com o morador na lua,
Esqueleto que deixo em linhas trabalhado:
Minha morte civil será uma cena de rua;
Palavras, terras onde moro,
Nunca vos deixarei.

Mas quando eu morrer, só por geometria,
Largando a vertical, ferida do ar,
Façam, à portuguesa, uma alegria para todos;
Distraiam as mulheres, que poderiam chorar;
Dêem vinho, beijos, flores, figos a rodos,
E levem-me - só horizonte - para o mar.


[Vitorino Nemésio]


A homenagem sentida ao poeta das ilhas, do Mau Tempo no Canal, do Cavalo Encantado...

26 setembro 2007

Boa sorte ou Good Luck

[Vanessa da Mata & Ben Harper]





É só isso
Não tem mais jeito
Acabou
Boa sorte
Não tenho o que dizer
São só palavras
E o que eu sinto
Não mudará

Tudo o que quer me dar
É demais
É pesado
Não há paz
Tudo o que quer de mim
Irreais
Expectativas
Desleais

That's it
There is no way
It's over
Good luck
I have nothing left to say
It's only words
And what l feel
Won't change

Tudo o que quer me dar
Everything you want to give me
É demais
It too much
É pesado
It's heavy
Não há paz
There is no peace
Tudo o que quer de mim
All you want from me
Irreais
Isn´t real
Expectativas
Expectations
Desleais

Mesmo, se segure
Quero que se cure
Dessa pessoa
Que o aconselha
Há um desencontro
Veja por esse ponto
Há tantas pessoas especiais

Now even if you hold yourself
I want you to get cured
From this person
Who advises you
There is a disconnection
See through this point of view
There are so many special people in the world
So many special people in the world... in the world
All you want all you want

Now were falling (falling) [...] into the night.



[estou completamente viciada nesta música...]

25 setembro 2007

knocked up



Comédia hilária e totalmente non sense.


Allison é uma mulher de carreira, low profile e solteira. Ben é um party animal, despreocupado com a vida e eternamente condenado ao desprezo das mulheres.

One night stand, uma gravidez indesejada. Vidas que mudam. Aprendizagens do desconhecido e acima de tudo: muitos desencontros, muitos silêncios... e muitos exemplos de que as coisas podem ser simples, se todos tivermos coragem de perceber o que somos, o que esperamos dos outros e o que eles esperam de nós. A legitimidade da partilha, a proximidade do afecto, a sinceridade do assumir que não somos perfeitos, mas todos podemos ser um pouco melhores... por e com aqueles que amamos. Tudo isto apimentado com as piadas non-sense de um grupo de amigos drug and tits addicted...


Seth Rogen, uma agradável surpresa!


Com Seth Rogen (the 40 years Old Vigin, You me and Dupree) e Katherine Heigl ('Izzie' Stevens de Anatomia de Grey).


Nota: ainda não estreou em Portugal!



23 setembro 2007

Unfinished Sympathy

I know that I've imagined love before
And how it could be with you
Really hurt me baby, really cut me baby
How can you have a day without a night
You're the book that I have opened
And now I've got to know much more

The curiousness of your potential kiss
Has got my mind and body aching
Really hurt me baby, really cut me baby
How can you have a day without a night
You're the book that I have opened
And now I've got to know much more

Like a soul without a mind
In a body without a heart
I'm missing every part



[Shara Nelson]

16 setembro 2007

Hino a Ísis





Porque eu sou a primeira e a última
Eu sou a venerada e a desprezada
Eu sou a prostituta e a santa
Eu sou a esposa e a virgem
Eu sou a mãe e a filha
Eu sou os braços da minha mãe
Eu sou a estéril, e os meus filhos são numerosos
Eu sou a bem casada e a solteira
Eu sou a que dá à luz e a que jamais procriou
Eu sou a consolação das dores do parto
Eu sou a esposa e o esposo,
e foi o meu homem que me criou
Eu sou a mãe do meu pai
Sou a irmã do meu marido,
e ele é o meu filho rejeitado
Respeitem-me sempre
Porque eu sou a escandalosa e a magnífica.
[Hino a Ísis, a Grande Deusa... e simplesmente um hino à mulher, pois somos deusas de nós próprias...]

15 setembro 2007

song of nothing [Guilhem IX d'Aquitaine 1071-1126]




I'll write a verse about nothing at all,
it isn't about me or about anybody else,
it isn't about love nor about youth,
nor about anything else,
because, in the first place, it was conceived while sleeping
on a horse.

I don't know at which time I was born,
I am neither happy nor sad,
I am neither a stranger nor a native,
nor can I do anything,
because I was so bewitched one night
on a high hill.

I don't know when I'm asleep,
nor when I am awake, unless I am told!
I almost had my heart broken
by a deep pain,
and I don't care at all,
by St. Martial!

I am sick and I'm afraid to die,
but I don't know more than I hear around.
I'll call for a doctor as I feel,
but I don't know which one:
he is a good doctor if he can heal me,
he isn't if I get worse.

I have a mistress, and I don't know who she is,
because I never saw her, by my troth,
nor did she do anything I'd like or dislike,
nor do I care
since I never had either a Norman or a Frenchman
in my house.

I never saw her and I love her much,
I never had meed, nor did she ever wrong me;
when I don't see her, I do rather well,
I don't care,
because I know a kinder and prettier one
who is worth more.

I have written the verse, I don't know about whom,
and I'll convey it to the one
who'll convey it to someone else
towards Poitiers,
since I would like, of that etui,
to have the second key.


[um poema dedicado ao nada...]

13 setembro 2007

O sol nas noites e o luar nos dias

[in Parque dos Poetas, Oeiras]



De amor nada mais resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto:
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.

E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.

Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.

Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.



Auto-retrato

Espáduas brancas palpitantes:
asas no exilio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.


[Natália Correia, cuja escrita alguns críticos classificaram como surrealista, outros como barroca e outros, ainda, como romântica (entre todas, a classificação preferida pela própria), foi na verdade uma escritora cuja originalidade e versatilidade não podem ser compartimentadas em qualquer escola literária.


A ironia e o sarcasmo, as associações fónicas e imagéticas, aproximam-na do surrealismo, sem que a sua poesia deixe de ter um toque de originalidade que não pode sofrer comparação com outras expressões do movimento surrealista português. Natália Correia foi um desses seres, frequentes no nosso país, que se adiantam ao tempo em que vivem para anunciar, antecipar, novas expressões culturais. Por isso, e na linha de Teixeira de Pascoaes, Natália Correia defendia «a poesia como profecia» e «o poeta como profeta». Mais do que saudosista, a sua forte ligação às ilhas atlânticas (sobretudo à sua S. Miguel natal) e ao seu maior poeta, Antero de Quental, era de permanente paixão.


Reencontrou os grandes mitos portugueses, que nos seus trabalhos se transformaram em arquétipos recorrentes: os mitos do Andrógino (o ser completo, uno e plural), do Desejado (que simboliza a resistência, a esperança em tempos melhores), a história de Pedro e Inês (símbolos da paixão, da volúpia na morte), o espaço sagrado e iniciático da Ilha, com os seus enigmas por resolver. Toda a sua criatividade lhes estava dirigida: reformulando-os, dedicou obras próprias a cada um desses mitos, símbolos e arquétipos, conferindo-lhes uma dimensão de futuro, de liberdade, de natalidade, de portugalidade sentida.]



[Finalmente reencontro a literatura, depois de meses de reclusão em compromissos profissionais, em tempos melhor ou pior ocupados. Reencontro a poesia e encontro esta grande poetisa: Natália Correia!]

12 setembro 2007

Comfortably Numb



Hello, hello, hello
Is there anybody in there?
Just nod if you can hear me.
Is there anyone at home?

Come on, come on down,
I hear you’re feeling down.
Well I can ease your pain,
Get you on your feet again.

Relax, relax, relax
I need some information first.
Just the basic facts.
Can you show me where it hurts?

There is no pain, you are receding.
A distant ship's smoke on the horizon.
You are only coming through in waves.
Your lips move, but I can’t hear what you’re saying.

When I was a child, I had a fever.
My hands felt just like two balloons.
Now I’ve got that feeling once again.
I can’t explain, you would not understand.
This is not how I am.

I have become comfortably numb.

OK, OK, OK
Just a little pin prick.
There’ll be no more, aaaaaaaaaaaahhhhhhhhh,
But you may feel a little sick.

Can you stand up, stand up, stand up.
I do believe it's working good.
That’ll keep you going for the show.
Come on, it’s time to go.

There is no pain, you are receding.
A distant ship's smoke on the horizon.
You are only coming through in waves.
Your lips move, but I can’t hear what you’re saying.

When I was a child, I caught a fleeting glimpse
Out of the corner of my eye.
I turned to look, but it was gone.
I cannot put my finger on it now.
The child has grown, the dream is gone.

I have become comfortably numb.
[do clip à música... a lembrança de quem tem sempre na ponta da língua o: «que se lixe...». só para quem olha para fora e se preocupa... os outros ainda vão ter que esperar, pela próxima morte: a do corpo, já que a da alma... é evidente!]

09 setembro 2007

Grey's Anatomy

"Grey's Anatomy" é uma série americana da ABC, que entra agora na 4ª season e que conta a movimentada vida de um grupo de médicos que acabam de deixar as salas de aula para se tornarem estagiários do programa cirúrgico mais rígido de Harvard no fictício Seattle Greace Hospital, em Seatle, Washington.

A protagonista da série, que mistura drama e humor, é Meredith Grey (Ellen Pompeo), filha de uma famosa cirurgiã, mas que luta para conquistar seus objectivos sem ajuda da mãe. Há ainda os personagens Cristina Yang (Sandra Oh), Isobel "Izzie" Stevens (Katherine Heigl), uma rapariga do interior que cresceu na pobreza e que posou lingerie para pagar o curso de Medicina, George O'Malley (T.R. Knight), o Bambi romântico, dedicado à família e eternamente 'amigo' das mulheres , Alex Karev (Justin Chambers), que disfarça suas raízes na classe operária com arrogância e ambição, e os médicos Derek 'McDream' Shepperd (Patrick Dempsey), Miranda 'Nazi' Bailey (Chandra Wilson), Preston Burke (Isaiah Washinghton), Addison Montgomery (Kate Walsh), entre outros.

A série fala das dificuldades do dia a dia deste grupo de jovens médicos num “mundo” onde a aprendizagem pode ser uma questão de vida ou de morte, não esquecendo que todos têm problemas nas suas vidas pessoais/amorosas.

Destaque para as relações de amizade que se fortalecem apesar dos problemas, os diálogos non-sense que afinal fazem todo o sentido, e acima de tudo, o retrato de como as personalidades das pessoas são diferentes, totalmente diferentes, mas no entanto, no final, formam um puzzle magnífico onde é retratada uma paisagem deslumbrante.


PS: Ai McDreamy!

08 setembro 2007

Folia! Mistério de Uma Noite de Pentecostes



Na celebração do centenário do nascimento de Agostinho da Silva, Paulo Borges, um dos seus principais estudiosos, publica Folia! Mistério de Uma Noite de Pentecostes, uma 'história' romanceada sobre o V Império, a Idade do Espírito Santo, o Grande Monarca e a decadência. Mitos estruturantes do ser português onde se misturam tempos e épocas, o sagrado e o profano, a história e a crença, a vida e a morte.

Uma excelente adaptação do Teatro Tapafuros no único local em que semelhante peça poderia ser representado: Quinta da Regaleira, na Serra da Lua (Sintra). Local mágico, onde se reúnem todas as energias telúricas, todas os símbolos e arquétipos da humanidade.

«Folia ! Mistério de uma Noite de Pentecostes constituiuma recriação dos momentos fundamentais da Festado Espírito Santo, desde a sua origem medieval, refundada pela Rainha Santa Isabel, até à actualidade, tal como ainda se celebra no Penedo, nos Açores, no Brasile nas comunidades de emigrantes americanos.Tendo conhecido, desde o século XIII ao XVI,uma invulgarmente rápida e vasta expansão, no continente, ilhas e colónias – sendo mesmo celebrada a bordo das naus da Índia - , a Festa foi considerada por Jaime Cortesão, António Quadros, Natália Correia, Lima de Freitase Agostinho da Silva um dos fenómenos mais específicose simbolicamente emblemáticos da cultura portuguesae lusófona e da sua vocação ecuménica e universalista. Desde Jaime Cortesão que os Painéis atribuídos a Nuno Gonçalves, obra maior e paradigmática da arte portuguesa, estão associados ao Culto do Espírito Santo. Folia ! propõe a recriação em termos contemporâneosda experiência da iniciação e da festa comunitária, associada a uma viagem pelo imaginário mítico, histórico e cultural português. Considerando que a Festa do Espírito Santo, herdeira de formas arcaicas e medievais do “sagradode transgressão” (Roger Caillois), como as Saturnais,os ritos transmontanos do Solstício de Inverno e a Festados Loucos, bem como da experiência da superabundância cósmica e espiritual própria do Pentecostes hebraicoe cristão, expressa o “mundo às avessas” e ritualizauma transformação iniciática da consciência, visa-se renovar essa eficácia operativa nas condições da vidae da mentalidade contemporâneas.Oferece-se assim um Teatro vivo e operático, que reassume as suas origens no rito iniciático, propondo-se uma profunda interacção entre actores e público em torno dos três acontecimentos fundamentais da Festa: a Libertaçãodos Presos, a Coroação do Imperador e o Bodo comunitário. Beneficiando das condições oportunas oferecidas pelas estruturas simbólicas da Quinta da Regaleira, a Libertação dos Presos vive-se num percurso em que somos convidados a libertarmo-nos de tudo o que encobre e oprime a nossa natureza profunda, descendo na terra e nas trevase ascendendo para a luz (catábase e anábase), a Coroação do Imperador é uma experiência comunitáriade reconhecimento da natureza sagrada de todos e de tudo e o Bodo é a comunhão e celebração disso, a Festada Alegria e da Abundância, onde são vitais o pão e o vinho, a poesia, a música e a dança, culminada com a descidadas Línguas de Fogo do Espírito. [Paulo Borges]


Têm medo de morrer?! porquê? se já estão mortos!!!
Pedem ao Diabo que vos salve, em nome de Deus?!



PS: Carla, que poderosa! Viva a Folia do Espírito!!!

03 setembro 2007

Véspera da Água (Eugénio de Andrade)



Tudo lhe doía
de tanto que lhes queria:

a terra
e o seu muro de tristeza,

um rumor adolescente,
não de vespas
mas de tílias,

a respiração do trigo,

o fogo reunido na cintura,

um beijo aberto na sombra,

tudo lhe doía:

a frágil e doce e mansa
masculina água dos olhos,

o carmim entornado nos espelhos,

os lábios,
instrumentos da alegria,

de tanto que lhes queria:

os dulcíssimos melancólicos
magníficos animais amedrontados,

um verão difícil
em altos leitos de areia,

a haste delicada de um suspiro,
o comércio dos dedos em ruína,

a harpa inacaba
da ternura,

um pulso claramente pensativo,

lhe doía:

na véspera de ser homem,
na véspera de ser água,
o tempo ardido,

rouxinol estrangulado,

meu amor: amora branca,

o rio
inclinado
para as aves,

a nudez partilhada, os jogos matinais,
ou se preferem: nupciais,

o silêncio torrencial,

a reverência dos mastros,

no intervalo das espadas

uma criança corre
corre na colina

atrás do vento,

de tanto que lhes queria,
tudo tudo lhe doía.


[parem de me tentar consertar, não estou partida. apenas dorida. daquelas dores que não matam, apenas fazem crescer, e tal como cada osso cresceu sozinho, cada ferida há-de sarar da mesma forma. "eu sou aquela que todos olham mas ninguém vê"]

02 setembro 2007

Mother Teresa: Come Be My Light


* Jesus tem um amor muito especial por si. Em relação a mim, o vazio e o silêncio é tão grande, que olho e não vejo, escuto e não ouço.

* Na minha própria alma, sinto a terrível dor da sua perda. Sinto que Deus não me quer, que Deus não é Deus e que ele não existe realmente.



As palavras são de Madre Teresa de Calcutá. Que dedicou a sua vida aos pobres, em quem acreditava estar Cristo. Mas as suas acções e as suas palavras contradizem-se, pois se as obras falam por si, surgem a público cartas onde Madre Teresa confessa e lamenta a sua «secura», «escuridão», «solidão» e «tortura». Referindo que há muito que deixou de sentir Cristo na sua vida, há muito que perdeu a fé e que se alguma vez fosse santa, seria uma santa da escuridão. A abnegação de uma vida em prole de um ideal maior, de um fazer por necessidade opõem-se ao sorriso aberto, mas cansado, talvez triste mas nunca ausente... resignado sim!
O cumprimento de uma missão exige sempre o esforço pessoal, implicando, por vezes, deixarmos de olhar por e para nós, para ver os outros e servi-los. Em nome de deus, de um deus qualquer, mas concerteza em nome das nossas crenças e convicções, de acordo com a nossa vontade, ou coração. deus é apenas um pretexto, por falta de coragem de assumir-mos que precisamos de nos dar aos outros para nos sentirmos um pouco melhor. E a solidão surge apenas porque... também precisamos que os outros nos encham. Infelizmente... a verdadeira justiça não é deste mundo!


*Excertos do livro: "Mother Teresa: Come Be My Light" (edição: Brian Kolodiejchuk, a publicar em Setembro no 10º aniversário da morte de Madre Teresa)

01 setembro 2007

Something Has Broken


Well I lay down
With no will to show you who I am
I just walk away
'cause I'm tired of seeing how messed up you are
It's rotten, so jealous I searched and kept my distance
Yes, I did
'cause it's not worth
Fighting against all of you losers

It seems like I'm giving up
It seems I am lost in time
It seems my term expired
If you paid some attention you'd see I might lose my mind

Well I woke up
I’ve had enough of your unfinished business
I won't resist
'cause that's what you want but I won’t play a part in your game
It's easier to change and be a stranger to ourselves
Yes, it is
But it's not worth
Wrecking my health and my precious youth

Something has broken



[Do álbum Catharsis dos Fingertips. De longe o meu álbum favorito desta banda portuguesa. Hoje o Something has broken mas poderia ser o You're gone ou o Time of sweet Delusions, ou mesmo o Mellancholic Ballad de outros tempos. É assustador quando percebemos que sempre soubemos o que era, como era, porque era e como nos tentaram e se tentaram convencer de que não era assim. A manipulação, a negação, o embuste... e, no entanto, sempre a evidência do que é, sem ilusão, correndo sempre o risco do que hoje se concretiza: as lágrimas... guardem as palavras, os silêncios, os olhares... eu só quero chorar! e estou muito cansada de dizer como é a quem não quer ouvir, a quem não quer falar, a quem nem quer saber.]

22 agosto 2007

forever - Kamelot


there's a pain within
that I can't define
there's an empty space
where your love used to shine
from the night we met
till the day you died
do you think I wished
do you still believe I tried
all too soon we were divided
and life had just begun

will you revive
from the chaos in my mind
where we still are bound together
will you be there
waiting by the gates of dawn
when I close my eyes forever

I belong to you
you belong to me
it's the way things are
always meant to be

like the morning star
and the rising sun

you convey my life
and forgive me what I've done

all too soon we were divided
into darkness and light

will you revive
from the chaos in my mind
where we still are bound together
will you be there
waiting by the gates of dawn
when I close my eyes forever

save me
reverse how I'm thinking of you
every breath I take
brings me closer
closer to forever, to you
I'm waiting for the day that I'm gone



[estou longe, tão longe de mim... e agora só a música me lembra o que sou, o que sinto, o que tive, o que perdi, o que quero e não quero... estou longe, tão longe de ti! e nunca pensei perder-me assim]

15 agosto 2007

A Ilha do Arcanjo

[Foto: Kisa - Vista do Rei - São Miguel - Açores]

Eu vos direi da ilha que na dorna
do Arcanjo é eterna em chão escasso.
Fulva de gado ao dia. À noite, morna.
Embebida no verde. E o mar colaço.

Ilha do alumbramento em templo torna
a unção de contemplar. Um ténue traço
de garça entre água e céu. A paz se escorna
em lagoa e lavoura o tempo e em espaço.

Tanto silêncio confiado à luz!
Treme um nenúfar se um trilo tremeluz
Caiam o sol de azul os agapantos.

Na cevadeira a broa luminosa,
romeiros nos persignam com uma nova rosa
Suas rezas joeiram pombos santos!



in «O dilúvio e a pomba» by Natália Correia
[as minhas palavras serão sempre pequenas para o dizer, ou sequer para da Ilha falar... os adjectivos são parcos, a emoção demasiado intensa e diria mesmo: de outro mundo! Obrigada Arcanjo!]

vida proibida - Sépia



Não tenho a certeza
Quem sabe como tudo
Ser eu
O brilho dos sentidos, que nunca foram pedidos
São teus, são teus

Parto daqui não sei por onde vais
Ao longe não sei se quero mais
De ti, mais de ti
Sentindo a luz que brilha no meu ser
Ao longe não sei se quiser ter mais...d e ti
Senão fizeres o que é normal a ausência do que é real
Não poderás saber se tudo ficará

Porque eu sou e não sinto
Quando vou, vou caindo
Quero mais da vida
Da vida proibida

Não tenho a certeza
Quem sabe como tudo
Ser eu

Parto daqui não sei por onde vais
Ao longe não sei se quero mais
De ti, mais de ti
Do mesmo modo quer apareceu
Saber que tudo isto é meu
O último lugar na plateia do teu olhar

Porque eu sou e não sinto
Quando vou, vou caindo
Quero mais da vida
Da vida proibida
[será assim tão proibido? tão inalcansável? mas sei que quero mais... só mando no meu gosto e na minha vontade. não quero mandar em mais nada]

12 agosto 2007

as pontes entre nós



Eu tenho o tempo,
Tu tens o chão,
Tens as palavras
Entre a luz e a escuridão.
Eu tenho a noite,
E tu tens a dor,
Tens o silêncio
Que por dentro sei de cor.

E eu, e tu,
Perdidos e sós,
Amantes distantes,
Que nunca caiam as pontes entre nós.

Eu tenho o medo,
Tu tens a paz,
Tens a loucura que a manhã ainda te traz.
Eu tenho a terra,
Tu tens as mãos,
Tens o desejo que bata em nós um coração.

E eu, e tu,
Perdidos e sós,
Amantes distantes,
Que nunca caiam as pontes entre nós.
(Pedro Abrunhosa)


[encontrei a ponte em terras para lá do oceano... encontrei a sinceridade e a luz, o verde perdido no meu olhar, o sorriso aberto na timidez escondida. encontrei a cumplicidade... e amaste-me sem eu te dizer como...]


[Foto: Kisa - Jardim Terra Nostra - São Miguel - Açores]

02 agosto 2007

EN LA MANO DE DIOS



Na mão de Deus, na sua mão direita
Soneto (Antero de Quental)



Cuando, Señor, nos besas con tu beso
que nos quita el aliento, el de la muerte,
el corazón bajo el aprieto fuerte
de tu mano derecha queda opreso.

Y en tu izquierda, rendida por su peso
quedando la cabeza, a que revierte
el sueño eterno, aún lucha por cogerte
al disiparse su angustiado seso.

Al corazón sobre tu pecho pones
y como en dulce cuna allí reposa
lejos del recio mar de las pasiones,

mientras la mente, libre de la losa
del pensamiento, fuente de ilusiones,
duerme al sol en tu mano poderosa.

(Miguel de Unamuno)




[dizia Unamuno que Portugal é um purgatório povoado de almas, um povo triste até quando sorri, um povo de suicidas, para quem a vida não tem sentido transcendente. E di-lo para logo se contradizer afirmando a espiritualidade portuguesa como uma espiritualidade vivenciada em que o cristo anda pelas praias, pelos prados e montanhas, a brincar e a rir com as gentes do povo, e só de vez em quando, para desempenhar o seu papel: pendura-se na cruz... como pode este povo que brinca com cristo ser triste? triste é quem deixa de acreditar... quem se abandona à solidão imaginária... não somos acompanhados por quem queremos... apenas por quem nos encontra. é bom quando me encontras...]

25 julho 2007

Unintended by Muse




You could be my unintended
Choice to live my life extended
You could be the one I'll always love
You could be the one who listens to my deepest inquisitions
You could be the one I'll always love

I'll be there as soon as I can
But I'm busy mending broken pieces of the life I had before

First there was the one who challenged
All my dreams and all my balance
She could never be as good as you

You could be my unintended
Choice to live my life extended
You should be the one I'll always love

I'll be there as soon as I can
But I'm busy mending broken pieces of the life I had before


[tenho de me ouvir mais. esta voz de prudência e calma, de silêncio e passos calculados. sempre que me precipito nas ânsias engano-me no caminho... ainda não é hora e talvez nem seja este o caminho... continuo onde estava e onde se calhar quero continuar... até ao dia em que tudo esteja refeito]

17 julho 2007

Mercado Medieval de Óbidos 2007



A Terra e o Céu – O Homem e Deus
Religioso versus Supersticioso


Fé, milagres, bençãos, superstições, magia, feitiços, sortilégios, agoiros convivem no quotidiano da Idade Média. É o Mundo da Luz que se contrapõe ao Mundo das Trevas.
São santos e pessoas de virtude, mártires e ermitas que se confrontam com blasfemos, adivinhos, encantadores, magos aurispices, agoureiros e benzedeiros.
É tempo de charivaris, mas também de autos de fé, de penitências e indulgências, em paralelo com heresias e idolatria. Demologia e necromancia encontram repressão que envolve os alquimistas, astrólogos e bruxas. Amuletos valem tanto como as relíquias sagradas.
Homens e mulheres de todos os estratos sociais participam nas Festas dos Loucos e nos Sabats das Bruxas de igual modo do que em Teo Deos e outras celebrações religiosas.
É neste ambiente que decorre mais um Mercado Medieval em Óbidos, de 12 a 22 de Julho de 2007.

Um verdadeiro mergulho na História!

Esta é a apresentação para atrair turista! Desde logo soberba!
Mas nada iguala o que se entranha pelas ruas e vielas branqueadas, nas tascas rigorosamente concebidas, toscamente acabadas, nas ementas pormenorizadamente adaptadas. E o vento por entre as muralhas, e as ameias que tocam o céu... nada é acaso! Nem nós que percorremos as ruas, estas e não outras, que andamos nesta direcção, encontrando as almas suspensas nesta dimensão, encontradas na recriação! É tempo... somos medievais! We are dreaming on Middle Age (já dizia Umberto Eco)!






10 julho 2007

Putting Holes In Happiness


The sky was blonde like her
It was a day to take the child
Out back and shoot it.
I could have buried all my dead
Up in her cemetery head
She had dirty word witchcraft
I was in the deep end of her skin.
Then, it seemed like a one car car wreck
But I knew it was a horrid tragedy.
Ways to make the tiny satisfaction disappear.

Blow out the candles
On all my frankensteins.
At least my death wish will come true.
You taste like Valentine's and
We cry,
You're like a birthday.
I should have picked the photograph
It lasted longer than you.

Putting holes in happiness.
We'll paint the future black
If it needs any color.
My death sentence is a story
Who'll be digging when you finally let me die?
The romance of our assassination
If you're Bonnie, I'll be your Clyde.
But the grass is greener here and
I can see all of your snakes.
You wear your ruins well
Please run away with me to hell.

Blow out the candles
On all my frankensteins.
At least my death wish will come true.
You taste like Valentine's and
We cry,
You're like a birthday.
I should have picked the photograph
It lasted longer than you.

[sublime, tortuoso... previsível e doce... Marilyn Manson ainda me surpreende... e este álbum revela o seu lado mais 'manso'. Putting holes in Happiness é homenagem às asneiras que tenho feito ultimamente que me entristecem e isolam, e aos pensamentos demasiado torturadores. Just a Car Crash Away o hino ao amor; They said hell's not hot, porque provoca e claro... Heart-Shaped Glasses (When The Heart Guides The Hand), porque diz tudo (atenção video)]

03 julho 2007

Fools In Love - Inara George

Fools in love, well are there any other kind of lovers?
Fools in love, is there any other kind of pain?

Everything you do, everywhere you go now
Everything you touch, everything you feel
Everything you see, everything you know now
Everything you do, you do it for your lady
Love your lady, love your lady
Love your lady, love...

Fools in love, are there any creatures more pathetic?
Fools in love, never knowing when they've lost the game

Everything you do, everywhere you go now
Everything you touch, everything you feel
Everything you see, everything you know now
Everything you do, you do it for your lady
Love your lady, love your lady
Love your lady, love...

Fools in love they think they're heroes
'Cause they get to feel no pain
I say fools in love are zeros
I should know, I should know
Because this fool's in love again

Fools in love, gently hold each others hands forever
Fools in love, gently tear each other limb from limb

30 junho 2007

The Shooter



Bob Lee Swagger, um atirador brilhante que abandonado na Eritreia juntamente com o parceiro após protecção a uma coluna americana responsável pela dizimação de uma aldeia. O companheiro acaba por ser morto e Swagger decide deixar os Marines. Numa casa no topo de uma montanha quase inacessível, Swagger acaba por quase conseguir esquecer o passado, até que um dia é novamente chamado para uma missão. Mas essa missão é apenas um meio de finalização do que ficara inacabado na Eritreia. Perseguido, Swagger terá de tentar sobreviver e provar a sua inocência.


Com Mark Wahlberg, Dany Gloover e Michael Peña.
De facto, filmes de sobrevivência e estratégia militar fascinam-me. Agora que vivo rodeada de réplicas, de camuflados e de 'militares' a adrenalina e o entusiasmo são ainda maiores. E além de destacar a hipocrisia, a falsidades e o facto das coisas nem sempre serem o que parecem e que existem sempre pessoas prontas a servirem-se da nossa ingenuidade... destaco também a pintura da M40A3, os cálculos de precisão... ah e o camuflado de neve... LOL