31 agosto 2014

Security

Como nos últimos meses se verificou um regresso ao passado na minha vida, com pessoas "antigas", conversas recuperadas e sentimentos renascidos, porque não recuperar igualmente sons perdidos?



"Security"

A loss that would have thrown 
A hole through anybody's soul
And you were only human after all
So don't hold back the tears my dear
Release them so your eyes can clear
I know that you will rise again
But you gotta let them fall
I wish that I could snap my fingers
Erase the past but no
You cannot rewind reality
Once the tape's unrolled

[Chorus:]
If your spirit's broken and you can't bear the pain
I will help you put the pieces back
A little more each day
And if your heart is locked and you can't find the key
Lay your head upon my shoulder
I'll set you free
I'll be your security

A moment of despair
That forces you to say that life's unfair
It makes you scared of what tomorrow may bring
But don't go giving into fear 
Stop hiding all alone in there
The show keeps going on and on
But you'll miss the whole damn thing
I wish I had a crystal ball to see what the future holds
But we don't know how the story ends till it's all been told

[Chorus]

On any clock upon the wall 
The time is always now
So baby kiss the past goodbye
Don't let the future blow your mind
Just sit back and chill
Take things as they come
You can't be afraid
To live for today
I will be with you each step of the way




Mas sem ilusões. Há motivos para "ser passado"; as nossas vontades alteram-se e o que ontem era importante deixou de o ser depois de uma noite em branco ou de uma noite de profundo dormir.

06 agosto 2014

The Butler (2013)

Quando não existe debate político, quando o jornalismo se reduz a um conjunto de fait divers, ou à repetição incessante e pouco profunda de "novelas" maniqueístas, a fuga para o campo cultural é inevitável. Afinal, os artistas são a consciência social e mesmo na cultura popular é possível encontrar inúmeras lições de vida e motivos de reflexão.


Nos últimos dias, o pretexto das férias, da necessidade de me actualizar em termos cinematográficos e literários levou-me ao multipremiado The Butler, filme biográfico de Cecil Gaines, mordomo que serviu oito presidentes que foram passando pela Casa Branca entre os anos 50 e 80. Protagonizado por Forest Whitaker (brilhante!), The Butler conta a história de um jovem negro que fica órfão de pai quando este é assassinado a tiro à sua frente ao tentar confrontar o patrão por lhe violar a mulher. Os remorsos da mãe do assassino levam-na a acolher o pequeno Cecil em casa e a transformá-lo num criado doméstico.
Chegado à maioridade, Cecil parte para Nova Iorque onde serve em clubes de alta sociedade até ser contratado para a Casa Branca.

Enquanto vemos Cecil a desempenhar as suas funções de mordomo, percebemos o seu contexto familiar e a luta pelos direitos civis que marca a sociedade norte-americana. Entre a luta e o silêncio, entre o sofrimento e a injustiça, todo um ethos nos atinge levando a um incómodo sem nome, a uma familiaridade velada, a constatações de incoerências inumanas e atrofiantes.

Afinal The Butler não é a biografia de um só homem, nem o retrato de uma sociedade passada...