08 outubro 2015

I origins (2014)


Já vos aconteceu certamente ver um filme em que os desempenhos dos actores não foram extraordinários, a realização é normal, a história também... mas por algum motivo, entranha-se em nós. E faz-nos pensar, faz-nos racionalizar... e de repente pensamos nele em várias situações. 

Exactamente como: 

You ever feel like when you met someone, they fill this hole inside of you, and then when they're gone... you feel that space painfully vacant?

O espaço deixado por I Origins não é doloroso, mas é marcante. 

Coloca ênfase na ciência, no quanto a mesma pode contribuir para a compreensão da vida e envolver os cientistas nessa demanda. Cientistas que se tornam a-espirituais e negam a existência de Deus porque nunca foi racionalmente provada. Só que a vida - e a ciência - é feita de inexplicáveis e até o mais racional dos cientistas pode olhar para a vida e ver para além da razão.

You know a scientist once asked the Dalai Lama, "What would you do if something scientific disproved your religious beliefs?" And he said, after much thought, "I would look at all the papers. I'd take a look at all the research and really try to understand things. And in the end, if it was clear that the scientific evidence disproved my spiritual beliefs, I would change my beliefs."



05 junho 2015

My Old Lady (2014)


I was born with a silver knife in my back.
Anytime anyone follows their heart,
someone else gets their heart broken.
There's always detritus, always hurt, always pain.
Love is a limited substance.
When you give love to someone new,

you have to take it away from someone old.


Maggie Smith no caminho de Kevin Kline, acompanhados por Kristin Scott Thomas. Deveria ser suficiente, mas adicionemos o Marais e o Sena. Adicionemos maravilhosas derivações pela cidade de Paris, diálogos de amor e perda, de tolerância e incompreensão.

Nunca a morte foi tão leve.

My Old Lady de Israel Horovitz.

01 junho 2015

Feels like home (Wallflower, 2015)

A Diana está de volta com um álbum de covers (Wallflower). Tudo é maravilhoso para a voz de Diana Krall, mas juntar Bryan Adams é elevar à perfeição a música de Randy Newman.


   


Somethin' in your eyes, makes me wanna lose myself
Makes me wanna lose myself, in your arms
There's somethin' in your voice, makes my heart beat fast
Hope this feeling lasts, the rest of my life

If you knew how lonely my life has been
And how long I've been so alone
And if you knew how I wanted someone to come along
And change my life the way you've done

It feels like home to me, it feels like home to me
It feels like I'm all the way back where I come from
It feels like home to me, it feels like home to me
It feels like I'm all the way back where I belong

A window breaks, down a long, dark street
And a siren wails in the night
But I'm alright, 'cause I have you here with me
And I can almost see, through the dark there is light

Well, if you knew how much this moment means to me
And how long I've waited for your touch
And if you knew how happy you are making me
I never thought that I'd love anyone so much

It feels like home to me, it feels like home to me
It feels like I'm all the way the back where I come from
It feels like home to me, it feels like home to me
It feels like I'm all the way back where I belong
It feels like I'm all the way back where I belong

08 maio 2015

Imitation Game (2014)



Com algum atraso confesso, mas o tempo não tem sido para deleite cinematográfico e infelizmente para encontrar um bom filme sobre o qual me apeteça escrever acabo por "perder tempo" com coisas que passam no cinema.

 Definitivamente rendo-me a histórias verídicas, sejam sobre futebol americano (We are Marshall, passa quase despercebido e no entanto fez-me perceber um pouco mais sobre um mundo à parte) sejam sobre grandes homens não normais, mas infinitamente especiais.

A história de Alan Turing prende (e não é só pelo gigantesco Benedict Cumberbatch) é sobretudo pela peculiaridade do pensamento, da linguagem... e, sim, I can relate. Um homem sem filtro, focado numa missão: descodificar Enigma, mas fazendo-o de forma controlada para evitar que o inimigo sequer perceba que foi descoberto.

Será que foi mesmo assim? A matemática, as máquinas (os seres humanos) são para mim autênticos mistérios, mas saber que alguém pensou nisto há dezenas de anos e que este foi o primeiro passo para agora me encontrar a teclar estas palavras numa máquina que já é uma segunda pele... bem, obrigada Turing!

Do you know, this morning I was on a train that went through a city that wouldn't exist if it wasn't for you. I bought a ticket from a man who would likely be dead if it wasn't for you. I read up, on my work, a whole field of scientific inquiry that only exists because of you. Now, if you wish you could have been normal... I can promise you I do not. The world is an infinitely better place precisely because you weren't.

28 abril 2015

Playground (Robert Francis)





There's a place inside each tear, that you'd shed for me in fear of my knowing all the darkness that you sang to every night. Your pale white, it's dressed in bones and skin it shoxs, it's not a feeling that you own. We were a playground not a home, but it was worse to be alone. I've got a long way to go. I've got to carry you load. I had a heart too heavy to hold. You were my playground and I was you home. My love digs deep, inside my mindless numbing sleep, and builds a pillow for the soul, an endless gaping quiet hole, that drowns the shadows from their walls. I've got a long way to go. I've got to carry you home. I had a heart too heavy to hold. You were my playground and I was your home.

08 março 2015

And the waltz go on

... by Sir Anthony Hopkins, and performed by Andre Rieu and his orchestra (Vienna, 2011). Beautiful, frantic, amazing, emotive... and humble!

28 fevereiro 2015

Lullaby (2014)

A história de uma família. De um filho que partiu para não ver o pai a lutar contra um cancro. Um cancro que deveria vencer em 6 meses, mas que foi combatido durante 12 anos, até à exaustão. É então que este pai decide chamar os filhos e dizer-lhes que quer morrer, que pediu o suicídio assistido.

Entre negações, culpas, confrontos, há uma família que se reconstrói, palavras que são finalmente ditas, pazes que são refeitas. Há um constatar de deriva que apenas foi originada pela fuga constante, pelo não querer aceitar aquilo que está presente, que é certo, inevitável.

Lullaby é uma aprendizagem. A aprendizagem da vida por aqueles que tentam fugir da mesma, para aqueles que pensam nunca estar prontos para enfrentar nada. E não estamos, mas às vezes é preciso respirar de cara com os problemas e aceitá-los, só assim o balão perde o ar e volta a entrar oxigénio.



04 fevereiro 2015

Outlander (TV, 2014-...)

Descobrir Outlander é como redescobrir a magia do imaginário em conteúdos televisivos. Uma lenda, uma história mágica, uma viagem no tempo. Um sonho do qual se quer acordar mas que acaba por se tornar a vida. Uma estrangeira, uma época passada de sangue, de guerras, de egos. Uma Escócia católica, machista... uma nova família no século XVIII. Sem confiar em ninguém, entendendo pouco ou nada da língua, tentando regressar ao marido que a perdeu no século XX, Claire é protegida pelo laird do clã MacKenzie graças aos seus conhecimentos de curandeira (enfermeira de guerra). Presa entre os irmãos Colum e Dougall que tanto precisam dela como a consideram uma espia inglesa, Claire encontra em Jamie, o sobrinho com a cabeça a prémio, o único amigo e confidente. Rapidamente, o discrição de Claire e a sua competência a ajudam a conquistar os corações dos serviçais e dos seus anfitriões, mas Claire quer desesperadamente regressar ao século XX e, nesse empreendimento, várias são as aventuras e os dissabores.

02 fevereiro 2015

Os Maias, cenas da vida romântica (2014)

Inspirado pelo romance de Eça de Queiroz, o filme de João Botelho conta-nos a vida "dramática" de Carlos Eduardo Maia, ou melhor tudo começa com o avô Afonso Maia, passando pela tragédia do pai, até à tragédia do filho e da filha.

Habitualmente não "perdemos tempo" com filmes portugueses. Ou são teatrais, ou são longos e aborrecidos, ou a história é pobre, ou, ou, ou...


Pois bem, os Maias têm alguns argumentos: a obra homónima que os inspira, a inovação cenográfica e claro a mordaz crítica social. Contudo, tem más interpretações, é demasiado longo, a sonoplastia desastrosa (há falas praticamente imperceptíveis), banda sonora quase inexistente. Enfim, "um filme português".

O que tem de extraordinário: os quadros a óleo de João Queiroz. Sim, em vez de cenários reais ou construídos, a produção optou por cenários pintados, semelhantes aos do teatro. Arrojado, distinto... pessoalmente gostei, mas devo ser das poucas, atendendo aos comentários disponíveis pela rede.

26 janeiro 2015

The Fault in Our Stars (2014)

Não li o livro pelo que não tenho termo de comparação. Habitualmente os filmes ficam aquém da composição literária, não obstante o ethos e o pathos poderem ser comuns. No cinema, a imagem toma conta dos sentidos; na leitura sobressaem os sentimentos, a possível imaginação.

Adiei ver o filme, talvez a esperança de poder ler primeiro o livro, mas isso não aconteceu.

A doença, o cancro, a morte, são sempre temas dolorosos. A sua representação tende para o apelo à pena como o autor fictício, revoltado pela perda, Peter van Houtten (quem melhor que William Dafoe para o interpretar?) faz questão de sublinhar. Não que o paciente use conscientemente a doença para inspirar sentimentos de pena. A experiência tem-me mostrado que quem está verdadeiramente doente e tem consciência da proximidade da morte, luta pela vida, não baixa os braços ou coloca nos outros o ónus da dor. Isso são os outros... os que querem estar doentes para ter atenção, que se sentem sós.

Neste filme, nenhum dos doentes quer pena, muito pelo contrário. Querem, por um lado, ser tratados como seres humanos "normais" sem o tema habitual da doença que lhes lembra a dor e o fim; por outro lado, querem minimizar o sofrimento que causam a quem amam e que, provavelmente, em breve, terão de viver com a perda.

A tristeza de Hazel, a sua busca por respostas, não são sobre a doença e sobre o porquê de estarem doentes, mas o que acontece depois, a quem causaram "trabalho", tristeza... quem os perde. Hazel só quer "minimizar" os efeitos laterais, por isso tenta manter Gus à distância, por isso procura van Houtten.

Hazel é realista, introvertida, isolada... porque não quer magoar quem a ama. Hazel aceita a inevitabilidade e a dor... Porque a dor tem de ser sentida. Só não aceita que os outros a vivam por ela, através dela... a usem como desculpa.

The Fault in our Stars é um retrato de tantas vítimas, de tantos sobreviventes. Um retrato que me confirmou a necessidade de aceitarmos a morte como parte da vida. Nuns casos mais presente, noutros mais ausente.