27 fevereiro 2007

La Fille Solitaire - Pierre Bachelet



Comment t'expliquer
Ils se sont aimés
Le temps d'une lune
Depuis ce temps-là
Elle s'en va parfois
Rêver dans les dunes
Et moi pauvre chien
Je n'y comprends rien
J'ai le cœur en cendres
J'attends qu'elle oublie
J'attendrai ma vie
Puisqu'il faut attendre

Mais la fille solitaire, regarde la mer
La maison de bois
Où jadis elle connut, cet homme imprévu
Qui n'était pas moi
Mais la fille solitaire, regarde la mer
Les reflets du jour
Moi j'attends son regard
J'attends un espoir
J'attendrais toujours

Près de l'embarcadère
Parmi les bruyères
Sur la véranda
Elle repense aux instants
D'amour et de vent
Que l'on oublie pas
Et si tu savais
Tout ce que je fais
Pour la faire sourire
Pour qu'elle m'aime enfin
Pour l'emmener loin
De ses souvenirs
Comment t'expliquer
Que je crois voler
Plus haut que moi-même
Je n'ai qu'une vie
Je n'ai qu'une amie
Je n'ai qu'un je t'aime

Mais la fille solitaire, regarde la mer
La maison de bois
Où jadis elle connut, cet homme imprévu
Qui n'était pas moi
Mais la fille solitaire, regarde la mer
Les reflets du jour
Moi j'attends son regard
J'attends un espoir
J'attendrais toujours

Près de l'embarcadère
Parmi les bruyères
Sur la véranda
Elle repense aux instants
D'amour et de vent
Que l'on oublie pas
Mais la fille solitaire, regarde la mer
La maison de bois
Où jadis elle connut, cet homme imprévu
Qui n'était pas moi

[a homenagem é mais do que merecida, até porque um simples olhar no horizonte provoca a recordação, a associação... e tudo se resume afinal numa música que ressoa no nosso íntimo: apenas a melodia, apenas o título... apenas a recordação de infância... que me acompanhou durante as férias solitárias e que me acompanha sempre que a solidão é necessária...]
Foto: Isabel Freixeda

Amy Winehouse



Dona de uma voz grave e cavada. A cantora / compositora de soul jazz britânica foi distinguida no passado dia 14 de Fevereiro com o prémio British Female Solo Artist award.


Rehab é a música com airplay nas rádios, retratando tempos de rebeldia da cantora. Música de ritmos vibrantes e fortes, lembrando os 60's, convida necessariamente a um pé de dança.


Tendo Stonger than me, single de 2004, álbum de estreia Frank, passado em branco. A ver vamos a sorte de you know I'm no good (2º single, Black to Black)
Para já mais uma fã esta jovem de 23 anos tem!!!



PS: curioso é que Rehab é já objecto de covers por cantores de outras escolas, também em fase de lançamento de carreira... estarão todos a precisar de lembrar tempos de reabilitação? (fica aqui Paolo Nutini... o escocês com costela italiana e voz de motown a ser apresentado em breve).

26 fevereiro 2007

Those Lips... Shakespeare

[sonnet 145]

Those lips that Love's own hand did make
Breathed forth the sound that said 'I hate'
To me that languish'd for her sake;
But when she saw my woeful state,
Straight in her heart did mercy come,
Chiding that tongue that ever sweet
Was used in giving gentle doom,
And taught it thus anew to greet:
'I hate' she alter'd with an end,
That follow'd it as gentle day
Doth follow night, who like a fiend
From heaven to hell is flown away;
'I hate' from hate away she threw,
And saved my life, saying 'not you.'


[como por trás de palavras de ódio ou desdem se pode encontrar um profundo respeito e admiração, que se pode negar, mas nunca deixar de sentir. Obrigada a quem me apresentou palavras tão fortes, tão dolorosamente enriquecedoras. E forçosamente a não esquecer.]

21 fevereiro 2007

Perfume - The story of a Murderer


Jean-Baptiste Grenouille era diferente e todos quantos o abandonavam morriam. Ele vivia para o olfacto e nele procurava a beleza. Mas a sua exigência tolhia-lhe a moralidade. Só um objectivo, só um fim: o cheiro mais perfeito.
Inspirado no livro de Patrick Suskin, Perfume - The Story of a Murderer apresenta-se como um filme chocantemente sarcástico e desconcertante, criando um mundo de inhumanidade e crueldade onde é visível o desprezo por qualquer tipo de convenção moral.
Com uma imagem crua e sombria, de retratos que chegam a «cheirar mal» ou «demasiado bem». Fabulosos contrastes, inocências apenas mantidas num mundo à parte.
As brilhantes interpretações de Ben Wishaw e Alan Rickman. Pena é o final ridículo e o exagero da apoteose orgiástica provocada pelo «perfume das virgens».
Nunca as palavras de António Queiróz fizeram tanto sentido: «amarás sempre pelo cheiro».

19 fevereiro 2007

"If Everyone Cared" Nickelback

From underneath the trees, we watch the sky
Confusing stars for satellites
I never dreamed that you'd be mine
But here we are, we're here tonight

Singing Amen, I, I'm alive
Singing Amen, I, I'm alive

If everyone cared and nobody cried
If everyone loved and nobody lied
If everyone shared and swallowed their pride
Then we'd see the day when nobody died

And I'm singing
Amen I, Amen I, I'm alive
Amen I, Amen I, Amen I, I'm alive

And in the air the fireflies
Our only light in paradise
We'll show the world they were wrong
And teach them all to sing along

Singing Amen, I, I'm alive
Singing Amen, I, I'm alive (I'm alive)

And as we lie beneath the stars
We realize how small we are
If they could love like you and me
Imagine what the world could be
If everyone cared and nobody cried
If everyone loved and nobody lied

If everyone shared and swallowed their pride
Then we'd see the day when nobody died
When nobody died...

We'd see the day, we'd see the day
When nobody died

[nem seria preciso que fossem todos, bastaria apenas mais 1...]

08 fevereiro 2007

Not Too Late



E a menina dócil de voz suave e pungente que «não sabe porquê», nem «o que significa para ele» está de volta com o Not Too Late, um álbum bem menos ingénuo que o Come away with me, bem menos antitético que o Feels like Home.

Thinking About You é o primeiro single, escrito em 1999 e recuperado para uma «sonoridade adequada», longe dos ritmos pop-rock, segundo a autora-compositora. Norah Jones assume os sentimentos e pára de se esconder atrás das dúvidas paralisantes. Parece ter percebido o Cold, cold heart e o porquê do Don't miss you at all quando ele não Come away with me. Reconhecendo que It's not too Late para Thinking about you sublinha, no entanto, que quando You wake me up acabas por não ser meu amigo. Contudo, Be my Somebody... enquanto te revejo em Broken.



"Broken"

He's got a broken voice and a twisted smile,
Guess he's been that way for quite awhile,
Got blood on his shoes and mud on his brim,
Did he do it to himself or was it done to him?
People think he don't look well,
But all he needs from what I can tell,
Is someone to help wash away all the paint,
From his purple hands before it gets too late.
I saw him stand alone ... under a broke street light,
So sincere... singing silent night,
But the trees were full... and the grass was green,
It was the sweetest thing I had ever seen.
He may move slow,
But that don't mean he's going nowhere,
He may be moving slow,
But that don't mean he's going nowhere.

07 fevereiro 2007

Pablo Neruda




Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada [1924]

O corpo da mulher e a natureza, o todo divino na face feminina do ser, do existir. A pena corria leve nas mãos do Neruda de 20 anos, dos 20 poemas de amor, da sua cantiga desesperada...

O amor, as cambiantes duras do crescimento, das ilusões; essas musas encantadoras que no sofrimento fazem brotar fontes de palavras, jorros de pérolas literárias deliciosas...



IV
Recordarás aquela quebrada caprichosa
de onde os aromas palpitantes treparam,
de quando em quando um pássaro vestido
com água e lentitude: traje do inverno.
Recordarás dos dons da terra:
irascível fragrância, barro de ouro,
ervas do matagal, loucas raízes,
sortilégios espinhos como espadas.
Recordarás o ramo que te trouxe,
ramo de sombra e água com silêncio,
ramo como uma pedra com espuma.
E aquela vez foi como nunca e sempre:
vamos ali donde nos espera nada
e falamos tudo o que está esperando.





Cem Sonetos de Amor [2004]


Porque da pena do poeta sairá sempre a expressão dos sentimentos dominantes; das contradições existenciais: puras como a brancura, inatingíveis como o céu, complexas como a luz. Não te amo, não dizia outro poeta* no desespero das contradições, de um querer bruto e fero.

Saberás que não te amo e que te amo
pois que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem sua metade de frio.

Amo-te para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.

Amo-te e não te amo como se tivesse
nas minhas mãos a chave da felicidade
e um incerto destino infeliz.

O meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.



* Almeida Garrett - "Não te amo" [Folhas Caídas, 1853]

03 fevereiro 2007

APOCALYPTO


IESUS... ainda estou em estado de ebulição! Esfacelante...

Mel Gibson, é senhor! Retoma o azul de BraveHeart e apresenta-nos um guerreiro colectivo anónimo, sem estrelas sonantes, com um teaser certeiro...

[apesar de me interrogar sobre quantas pessoas que tal como eu vêm um filme destes apenas e só por ser 'Mel Gibson made']

Um filme que prende ao ecrã e não: a violência não é gratuita... é simplesmente demasiado realista! Não revolta ou enternece como n' A Paixão de Cristo, apenas: Diverte! Até porque é uma forma de mostrar que o ser humano não é naturalmente bom, nem o quer ser [desculpa lá Rousseau!].

A atenção aos pormenores, o retrato de situações impensavelmente brilhantes... a sobrevivência e os milagres (sim, o eclipse mais rápido da História só pode ser um milagre!).

Marcante: a libertação dos prisioneiros salvos do sacrifício ao deus, mas condenados à crueldade dos predadores; a criança que dança no ventre da mãe; as formigas como sutura de feridas; as cataratas assassinas; um 'morto' que vê o seu coração a bater nas mãos de outro homem; as cabeças que rolam pela pirâmide... para logo serem expostas em lanças apontadas ao céu... o silêncio da floresta...


Rudy Youngblood pode não ser um actor consagrado, mas é fenomenal na pele do Guerreiro Maya Jaguar Paw demasiado consciente da mudança dos tempos, demasiado atento ao coração dos outros. A personificação de um Amor natural. Porque quando a hora da morte chega, há quem não esteja preparado. A empatia é imedita.

Fabulosas as paisagens, os cenários... a fotografia! Nada foi deixado ao acaso... afinal: nada pode contrariar o destino do pormenor!

Curiosamente, a Academia só se lembrou de Apocalypto para o Melhor Som, Melhores Efeitos Sonoros e Melhor Caracterização... 'preferindo' a fotografia do Ilusionista, Dália Negra, Children of Men, The Prestige [filmes de outras épocas e bem mais sombrios... estará a cor a ser condenada?]... ... ...

02 fevereiro 2007

Renaissance




Renaissance é:

Um espectáculo visualmente expressionista com personagens em registo naturalista, procurando um efeito patético; de arquitectura renascentista com nuances simbolistas e espírito rococó; construção de personagem à Stanislavsky e desenho de luzes à Bob Wilson. Um espectáculo feminista-demodée sobre maldades, mentiras, fealdade e redenção. Um espectáculo que põe em diálogo seis mulheres, duas épocas, dois planos, duas interpretações. Joga-se ora o século XVI ora o XXI. Joga-se a transposição para teatro comercial de uma investigação histórica académica. Joga-se a vivência de seis mulheres no espaço de um teatro em luta pela suposta verdade de três personagens. Joga-se a experiência absurda de um morto no Iraque a ladear três outros fantasmas históricos. Se já está confundido... bem vindo à nossa Era Híbrida, bem vindo a Renaissance!



Estreia dia 16 de Fevereiro!

Verónica, Violeta e Amparo são três investigadoras universitárias que apresentam, numa concorrida vernissage, os resultados do seu estudo “O Renascimento Português no Feminino em Sintra”. O sucesso editorial é ensombrado pela morte, no Iraque, de André Magalhães: filho de Violeta e marido de Verónica.

Ângela, Augusta e Bernarda são três actrizes em rápida ascensão que são contratadas para interpretar Luísa Sigeia, Paula Vicente e a Infanta D. Maria numa polémica adaptação ao teatro – com elevada viabilidade económica assegurada por um estudo de mercado – do estudo das investigadoras, projecto que é recebido com frontal oposição por Violeta.


O choque entre as seis mulheres é inevitável.
O choque entre séc. XVI e séc. XXI é inevitável.

Sucedem-se as confissões e as revelações, até ao clímax num karaoke-bar para lésbicas da noite lisboeta, na noite após a estreia do espectáculo.
Mas resta ainda conhecer o paradeiro do corpo de André Magalhães...


Quando?
De 16 de Fevereiro a 18 de Março
Sextas, sábados e domingos às 22h00

Onde?
Casa de Teatro de Sintra (Rua Veiga da Cunha, nº 20, 2710-627 Sintra)

Bilheteira:
Preço normal: 10€
Desconto de grupo: 7,5€ para grupos de 5 ou mais pessoas.
Bilhete “Amigo da Utopia Teatro”: 5€
Cartão Jovem Municipal: 5€

Sandra Canelas - Amparo
Raquel Ferreira - Ângela
Carla Dias - Augusta
Cláudia Faria - Bernarda
Rosália Maça - Violeta
Carla Trindade - Verónica


Escusado será dizer que vou a esta peça de teatro e nem precisariam de me contar a história. E evitam de tentar sabotar as minhas intenções. A amizade é algo que não se explica, não tem relógio... tem sempre vontade e está sempre presente! FORÇA CARLA... eu estou, minha querida, e tu vais estar deslumbrante e magnética, como sempre!

Children of Men



P.D. James escreveu, Alfonso Cuaron realizou. Num futuro não muito distante, a humanidade perdeu a possibilidade de se reproduzir. Sem futuro, perde igualmente a esperança. Até que um dia, um milagre acontece e é necessário levar uma mulher em final de gravidez até ao Projecto Humano, um navio onde cientistas de todo o mundo se reunem para perceber o porquê da infertilidade e buscam a sua cura. Afinal, uma simples batida de coração pode mudar toda a Humanidade. E há coisas pelas quais vale a pena morrer.

Um filme cru e sombrio, onde o desespero e a desilusão se apresentam como única face da moeda. E quando se está muito desesperado comentem-se grandes erros, caminha-se pela vida sem rumo ou luz.

Um filme que mostra que a esperança por muito ténue e vaga pode devolver a razão de viver e vale a pena morrer por ela. Pois se morrermos sem ela, a nossa luz extingue-se e passaremos pelo nosso cadáver sem o vermos. Mas se morrermos por esperança seremos mais uma estrela no firmamento.

Finalmente uma lição: por muito que a vida nos afaste haverá sempre alguém a que poderemos recorrer, com confiança e incondicionalmente. São os carácteres presentes. Resta-nos encontrar estas pessoas na nossa vida, resta-nos encontrar a nossa ilusão: a missão que nos falta cumprir.

Um filme que cala, que senta e remata.

Com as brilhantes interpretações de Clive Owen e Claire-Hope Ashitey.
E a não menos brilhante e intensa Banda Sonora de John Tavener.