15 agosto 2007

A Ilha do Arcanjo

[Foto: Kisa - Vista do Rei - São Miguel - Açores]

Eu vos direi da ilha que na dorna
do Arcanjo é eterna em chão escasso.
Fulva de gado ao dia. À noite, morna.
Embebida no verde. E o mar colaço.

Ilha do alumbramento em templo torna
a unção de contemplar. Um ténue traço
de garça entre água e céu. A paz se escorna
em lagoa e lavoura o tempo e em espaço.

Tanto silêncio confiado à luz!
Treme um nenúfar se um trilo tremeluz
Caiam o sol de azul os agapantos.

Na cevadeira a broa luminosa,
romeiros nos persignam com uma nova rosa
Suas rezas joeiram pombos santos!



in «O dilúvio e a pomba» by Natália Correia
[as minhas palavras serão sempre pequenas para o dizer, ou sequer para da Ilha falar... os adjectivos são parcos, a emoção demasiado intensa e diria mesmo: de outro mundo! Obrigada Arcanjo!]

Sem comentários: