02 agosto 2007

EN LA MANO DE DIOS



Na mão de Deus, na sua mão direita
Soneto (Antero de Quental)



Cuando, Señor, nos besas con tu beso
que nos quita el aliento, el de la muerte,
el corazón bajo el aprieto fuerte
de tu mano derecha queda opreso.

Y en tu izquierda, rendida por su peso
quedando la cabeza, a que revierte
el sueño eterno, aún lucha por cogerte
al disiparse su angustiado seso.

Al corazón sobre tu pecho pones
y como en dulce cuna allí reposa
lejos del recio mar de las pasiones,

mientras la mente, libre de la losa
del pensamiento, fuente de ilusiones,
duerme al sol en tu mano poderosa.

(Miguel de Unamuno)




[dizia Unamuno que Portugal é um purgatório povoado de almas, um povo triste até quando sorri, um povo de suicidas, para quem a vida não tem sentido transcendente. E di-lo para logo se contradizer afirmando a espiritualidade portuguesa como uma espiritualidade vivenciada em que o cristo anda pelas praias, pelos prados e montanhas, a brincar e a rir com as gentes do povo, e só de vez em quando, para desempenhar o seu papel: pendura-se na cruz... como pode este povo que brinca com cristo ser triste? triste é quem deixa de acreditar... quem se abandona à solidão imaginária... não somos acompanhados por quem queremos... apenas por quem nos encontra. é bom quando me encontras...]