03 novembro 2007

A Pantera



De percorrer as grades o seu olhar cansou-se
E não retém mais nada lá no fundo,
Como se a jaula de mil barras fosse
E além das barras não houvesse mundo.

O andar elástico dos passos fortes dentro
Da ínfima espiral assim traçada
É uma dança da força em torno ao centro
De uma grande vontade atordoada.

Mas por vezes a cortina da pupila
Ergue-se sem ruído – e uma imagem então
Vai pelos membros em tensão tranquila
Até desvanecer no coração.


Rainer Marie Rilke

[tradução de Vasco Graça Moura]
.
[já se sentiram presos a uma sensação de impotência? de consciencialização que é preciso mudar algo, mas não conseguem mudar nada? como se os movimentos estivessem entorpecidos, como se a vontade não bastasse? Eu não... porque quando é preciso mudar, eu mudo!]

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