28 julho 2008

Lars and the real girl

A estreia do realizador Craig Gillespie é feita com uma dolorosa e inspiradora história sobre a dor da solidão e a dor de a romper. É a sinceridade subjacente a “Lars and the Real Girl” que, mais do que acreditar nesta surreal situação, nos faz torcer por ela.

Lars (Ryan Gosling) é um homem tímido de uma pequena cidade do Midwest americano, que vive na garagem do seu irmão Gus (Paul Schneider) e que, apesar dos esforços da sua cunhada Karin (Emily Mortimer), foge a qualquer interacção social, incluindo os avanços nada discretos da sua colega de trabalho Margot (Kelli Garner). De início é difícil perceber o que se passa com Lars, mas quando Bianca chega a sua casa, a vida de Lars muda radicalmente e tudo começa a ficar mais claro. Bianca é uma boneca insuflável que Lars encomendou pela Internet. Mas, longe de um interesse sexual, Lars procura o amor. Sob aconselhamento da médica local, Dagmar Bergman (Patricia Clarkson), Karin e Gus não contradizem Lars, aceitando Bianca como a sua namorada. O mesmo acontece com toda a comunidade. Bianca começa a assistir à missa, a participar em actividades sociais e até arranja emprego.

O argumento de Nancy Oliver (‘Six Feet Under’) está longe de olhar para a sua personagem principal com a condescendência com que se olha para um doente. Percebemos que Lars se retirou para dentro de si mesmo (e daquela garagem) em virtude da morte da mãe e pela vida silenciosa que teve com o seu pai viúvo. Mas Craig Gillespie não nos dá flashbacks perturbantes ou epifanias terapêuticas. É com uma suavidade quase tão desconcertante como a naturalidade com que Bianca entra na vida de todos, que Lars vai enfrentando os seus medos, somatizados na dor física que sente quando é tocado e abraçado por outras pessoas.

O elenco é liderado por Ryan Gosling, num difícil equilíbrio entre estranheza e normalidade, entre transparência e opacidade. Bianca, como substituto de afecto, pode até ser considerada uma séria candidata na categoria dos secundários. Ela representa o amor incondicional e sem críticas, é a forma de Lars contornar a imprevisibilidade do outro, até se dar conta que todos queremos o mesmo. Entre o humor negro e os sentimentos, a irrealidade de
“Lars and the Real Girl” serve o propósito de celebrar a virtude máxima da generosidade, onde a preocupação com o indivíduo é mais relevante do que a preocupação com o que sociedade pensa acerca desse mesmo indivíduo.

O momento que condensa todas as emoções é simples e, simultaneamente, símbolo de uma das coisas mais complicadas da vida: chegar até ao outro e deixá-lo chegar até nós. Na realidade, somos tão irreais uns para os outros como esta boneca de silicone.

[Fonte: http://cinerama.blogs.sapo.pt/207440.html]


Para pensar:

You won't be able to change his mind, anyway. Bianca's in town for a reason.

Sometimes I get so lonely I forget what day it is, and how to spell my name.

realiza Craig Gillepsie, protagoniza Ryan Gosling (the notebook e fracture), Emily Mortimer (Elizabeth, dear Frankie, match point, Paris, je t'aime) e Paul Schneider (the family stone, the assassination of Jesse James, Elizabethown).

13 julho 2008

As Promessas

José Malhoa pintou-as: as promessas que fazem o português caminhar por quilómetros descalço, com os filhos ao colo, sem comer. José Malhoa pintou o sofrimento, a dor e a fé de quem acredita que tem uma dívida, que tem de dar para receber, de quem se aproxima do divino esperando a graça que perdeu ou que tarda. José Malhoa pintou, o português sente. As Promessas.

03 julho 2008

life is wonderful



It takes a crane to build a crane
It takes two floors to make a story
It takes an egg to make a hen
It takes a hen to make an egg
There is no end to what I'm saying

It takes a thought to make a word
And it takes some words to make an action
And it takes some work to make it work
It takes some good to make it hurt
It takes some bad for satisfaction

Ah la la la la la la life is wonderful
Ah la la la la la la life goes full circle
Ah la la la la life is wonderful
Ah la la la la la

It takes a night to make it dawn
And it takes a day to make you yawn brother
And it takes some old to make you young
It takes some cold to know the sun
It takes the one to have the other

And it takes no time to fall in love
But it takes you years to know what love is
And it takes some fears to make you trust
It takes some tears to make it rust
It takes the dust to have it polished

Ah la la la la la la life is wonderful
Ah la la la la la la life goes full circle
Ah la la la la la la life is wonderful
Ah la la la la

It takes some silence to make sound
And it takes a loss before you found it
And it takes a road to go nowhere
It takes a toll to make you care
It takes a hole to make a mountain


{uma forma diferente de cantar que tudo faz falta, tudo importa, tudo precisa... }