11 fevereiro 2012

excerto

 "Há um ano, disse-te palavras que nunca te diria nem nunca te direi. Há um mês, quis-te dizer palavras outras, que nunca te disse mas que ainda te podia dizer. Hoje? Hoje nada te digo. Sou para ti como tu própria, em segredo, te revelas aos que realmente te querem: noite, ausência, frio, silêncio. Lembras-me o enorme vazio que perfaz os grandes vendavais de mistério. O teu amanhã, o meu amanhã, o nosso amanhã apenas saberá cantar a melodia do teu medo eternamente inconfessado e disfarçado de euforia em perpétuo movimento."
 
(Excerto de uma carta de Aristides dos Santos, 
enviada de Neuchâtel para Lisboa, a uma certa Cidália Pedrosa, 12-11-1982)

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