07 janeiro 2012

Ryan Gosling

Parece que o Ryan Gosling me saiu na rifa (sim, prepositadamente!). Toda a gente fala no menino! Confesso que o adorei em Lars and the Real Girl e em Drive.



Do inadaptado Lars guardo a ingenuidade e a persistência a um ideal. Muita gente definiria Lars como um atrasado mental, mas qual é o romântico que o não é hoje em dia? Afinal o que conta são os engates, o amor é uma vã palavra gasta. Quando em julho de 2008 escrevia sobre este filme, estava longe de ver Ryan Gosling como um actor revelação.

Reencontrá-lo em Blue Valentine a braços com uma relação doentia entre dois seres perdidos não foi uma surpresa mas os actores foram o que menos me marcou neste filme. A dureza com que o amor nos é arrancado perante as dificuldades económicas e da procura de si deixou-me deprimida ao ponto de nem me recordar de Ryan Gosling ou de Michelle Williams.

Mas parece que o Ryan tem jeito para este tipo de drama. Em All Good Things com Kirsten Dunst era um menino tão rico quanto desequilibrado psicologicamente que acaba por matar todos aqueles que o contrariavam ou sequer tentavam chamar à realidade. Um filme de gente doente, com o argumento mal desenvolvido, mas claro com gente gira.

Enquanto me mentalizava para ver Drive, recordei Fracture (2007) onde o ingénuo mediu forças com Sir Anthony Hopkins. Nessa altura já se vislumbrava a ambição ou a psicopatia aprofundada em All Good Things e Drive. O menino tem aquele ar de quem não parte um prato, o olhar matador de quem tem grande profundidade existencial... mas depois parte a cara aos seus oponentes, ofende os matulões e mal articula duas palavras. Chegou um ponto em que o rotulei de psicopata, é verdade. Mas vendo bem as coisas não passava de um narcisista à espera de uma oportunidade. Drive não é um filme excepcional, a história é decepcionante, mas para quem gosta de homens misteriosos: é um paraíso. Quantas não se imaginaram Irene?

No ficheiro ainda está The Ides Of March com o George, George Clooney. Não sei se vou reparar no Ryan como reparei em Crazy Stupid Love. Aqui faço minhas as palavras de Emma Stone: "Seriously? It's like you're Photoshopped!"

Sim, porque não é um filme de revelação de actores, é simplesmente uma comédia romântica ao estilo Steve Carrell. Faz rir, tem uma banda sonora interessante e os actores são giros...


bom actor? com grande futuro? nop... just a good looking guy! But... who cares?

The Ides of March tem um encanto maior: consultores de campanhas políticas. É verdade. O amigo Ryan é, de acordo com Tom Duffy (Paul Giamatti), a melhor inteligência de comunicação política do momento, mas trabalha na sombra de Paul (Philip Seymour Hoffman) na promoção do candidato democrata: Morris (George Clooney). Enquanto a hora e meia vai passando desfilam episódios sobre a realidade da profissão, os desrespeitos éticos, a manipulação e a "verdadeira natureza" daqueles que se "casam" com a política. Ao princípio Steven (Ryan Gosling) parece-me ingénuo e "verdasco" apesar das excelentes qualidades técnicas. O seu grande problema: acreditar no candidato que está a promover. Mas da ingenuidade ao desengano, basta uma grande manobra que o deixa frio, calculista... quase psicopata.

Sou só eu que noto um fio condutor? Pois é, este homem não se pode rir (parece um banana a sorrir), é naturalmente triste e introspectivo e como tem um semblante inexpressivo é óptimo a fazer de "má pessoa". Recomendo para uma sequela de "American Psycho".

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