
[...]
Nunca mais
a tua face será pura limpa e viva
Nem o teu andar como onda fugitiva
se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo minha vida.
Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
A luz da tarde mostra-me os destroços
do teu ser. Em breve a podridão
beberá teus olhos e teus ossos
Tomando a tua mão na sua mão.
Nunca mais amarei quem não possa viver
Sempre,
Porque eu amei como se fossem eternos
A luz, a glória e o brilho do teu ser
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência,
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.
Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Sem comentários:
Enviar um comentário