quem nada tem nada pode perder, mas quem arrisca pode ganhar tudo...
'sem a loucura que é o homem mais que a besta sadia, cadáver adiado que procria?'
[Fernando Pessoa, D. Sebastião]
if i told you things i did before told you how i used to be would you go along with someone like me if you knew my story word for word had all of my history would you go along with someone like me
i did before and had my share it didn't lead nowhere i would go along with someone like you it doesn't matter what you did who you were hanging with we could stick around and see this night through
and we don't care about the young folks talkin' bout the young style and we don't care about the old folks talkin' 'bout the old style too and we don't care about our own folks talkin' 'bout our own stuff all we care about is talking talking only me and you
usually when things has gone this far people tend to disappear no one would surprise me unless you do
i can tell there's something goin' on hours seem to disappear everyone is leaving i'm still with you
it doesn't matter what we do where we are going to we can stick around and see this night through
and we don't care about the young folks talkin' bout the young style and we don't care about the old folks talkin' 'bout the old style too and we don't care about our own folks talkin' 'bout our own stuff all we care about is talking talking only me and you
and we don't care about the young folks talkin' bout the young style and we don't care about the old folks talkin' 'bout the old style too and we don't care about our own folks talkin' 'bout our own stuff all we care about is talking talking only me and you
[é tão bom quando passamos horas e horas a falar com alguém e nem nos apercebemos de como o tempo passou, não é? o pior é quando, com a mesma pessoa, não conseguimos encetar uma conversa de segundos no dia seguinte. o que é que muda? que bloqueio é este?]
E se Drácula continuasse vivo após 500 anos? E se Drácula fosse, além de vampiro, um historiador, dono de uma das mais espantosas bibliotecas do mundo?
Autor: Elizabeth Kostova Colecção: Cavalo de Tróia Editora: Gótica Ano de edição: 2005 Páginas: 598
SinopseUma noite, ao explorar a biblioteca do pai, uma jovem mulher encontra um livro antigo e um maço de cartas amareladas. As cartas começam todas por «Meu caro e desventurado sucessor…» e fazem-na mergulhar num mundo com que ela nunca tinha sonhado – um labirinto onde os segredos do passado do pai e do misterioso destino da mãe se ligam a um mal inconcebível escondido nas profundezas da história.As cartas abrem caminho para um dos poderes mais perversos que a humanidade já conheceu - e para uma busca que dura há séculos para encontrar a origem dessa perversidade e extingui-la. É uma busca da verdade sobre Vlad o Empalador, o governante medieval cujo bárbaro reinado esteve na base da lenda do Drácula. Gerações de historiadores arriscaram a reputação, a saúde mental e mesmo a vida para saber a verdade sobre Vlad o Empalador e Drácula. Agora, a jovem decide empreender por sua vez essa busca para seguir o pai numa perseguição que quase o destruiu quando ainda era um novo e entusiasta académico e a mãe ainda estava viva.
O Historiador é uma obra apelativa não só para quem se interesse pela figura de Vlad “O Empalador” como para apreciadores de livros de aventuras.
Demonstrando um satisfatório trabalho de pesquisa (a autora terá demorado dez anos a concluir o livro), Kostova transmite uma série de dados curiosos obre a história medieval da Roménia, de Istambul e da Bulgária, assim como, da história moderna do Leste Europeu e do Império Otomano. Sendo as personagens historiadores (e wanna be) e uma antropóloga, o livro é enriquecido por diversas informações interessantes que são tão importantes como a vertente ficcional da trama com fugas, segredos e enigmas, todos desvendados seguindo um caminho que Kostova tenta que se aproxime do do trabalho de investigação historiográfica.
Contudo, o desenrolar da história revela-se confuso em termos de estrutura, pois a partir de determinado momento a autora esquece-se que está no meio de uma analepse que não faz sentido ser contada pelo recurso a cartas (do pai para a filha) quando esta refere que está a dormir... pequenas gralhas de quem tem muito fôlego para contar uma grande história.
E a escuridão, Mal rompe o dia, Lembra um balão Que se esvazia...
Fandangueiro (1971)
Inferno
Mordido em corpo inteiro (E é Deus quem no-lo diz!)
Mordido em corpo inteiro, Na flor e na raiz Mordido na lembrança Constante dos sentidos. Mordido na lembrança Dos frémitos perdidos. Mordido em cada braço, Mordido em cada rim, Nos beiços e nos ossos Mordido até ao fim. Mordido, mais mordido, Mordido mais e mais, Cada vez mais mordido Até não poder mais. E seja como for Mordido sempre em vão. Mordido pelo amor Como nos morde um cão.
Peixes
Inteligência de água. Alma de flores. Para eles não há lume, além das cores.
Por isso, é claro o seu olhar enxuto E a sua dança é como um aqueduto.
Pomar oculto. Música perdida. Silêncio azul que dura toda a vida.
Nem lágrimas, nem mesmo ecos de prece. Se um deles morre não desaparece.
E a sua pele, espelho que flutua, Serve, em segredo, de tapete à Lua.
Poesia
À mesma hora, Todos os dias, Durmo ou desperto De mãos vazias. No mesmo quarto, Na mesma casa, Quedo-me, à espera Da campa rasa. Rezo na Igreja A mesma prece. A oração longa Logo se esquece... Na mesma rua, A mesma gente Vê-me passar Indiferente. Chamam a isto Monotonia, Concha vazia, Luz que se adia? Mas dou-lhe o nome De poesia...
Fado
Por que é que Adeus me disseste Ontem e não noutro dia, Se os beijos que, ontem, me deste, Deixaram a noite fria?
Para quê voltar atrás A uma esperança perdida? As horas boas são más Quando chega a despedida.
Meu coração já não sente. Sei lá bem se já te vi! Lembro-me de tanta gente Que nem me lembro de ti.
Quem és tu que mal existes? Entre nós, tudo acabou. Mas pelos meus olhos tristes Poderás saber quem sou!
Cartas de Inglaterra (1973)
Bedford Street
Alas de árvores, no meio Da rua lenta, avançando...
Das casas há-de vir quando, A foice que ainda não veio?
Noite. Noite em que me afundo...
Noite. Noite em pleno dia...
Sonhei: - e se de uma dessas árvores caía
Como se, nela, Se apagasse o mundo?
De que nacionalidade São as sílabas da voz Que o silêncio do Poeta invade?
E a Pátria? - A Pátria está onde estivermos sós.
Expulsos do Governo da Cidade (1979)
Ilha
Procuro o Paraíso. E nasce, em mim, a mágoa.
Estranho mal o meu, O mal da poesia!
Surdez de não ouvir senão a água... Cegueira de não ver senão o dia.
Repúdio
Aceitei-a como o sol, Como o sol, quando era dia. Aceitei-a com o amor, Com o amor, quando era noite E cada corpo se abria... Mudo, vencido, aceitei-a, Com as ondas mais inquietas, Com o tempo já perdido. Aceitei-a com a infância Que falava ao meu ouvido. E o vento, quando a trouxera, Prometera-me um navio! Contudo, não era aquela, Nem na cor, nem no feitio. Não era aquela, não era. Oh! Não era aquela, não. Era outra, talvez mais bela, - A mais bela embarcação! -
Em declarações à Lusa, Zé Pedro, guitarrista dos Xutos & Pontapés, lembra o ex-vocalista dos Sitiados como “uma força muito positiva no meio musical”. O guitarrista recorda-se da participação dos Sitiados na colectânea “"XX anos XX bandas", dedicada aos Xutos & Pontapés e do concurso Rock Rendez – Vous ao qual a banda concorreu na década de 80, ficando em 2º lugar com a música «A noite», celebrizada pelos Resistência. Através deste concurso que Carlos Moisés, vocalista dos Quinta do Bill, conheceu Aguardela, que recorda como “um criativo à procura de novos roupagens para as nossas raízes da música tradicional”.
Já Viviane, vocalista dos Entre Aspas e amiga de João Aguardela definiu-o como “"um músico singular que teve uma profunda paixão pelas raízes da cultura e da música portuguesa e isso reflectia-se na música que fazia".
Distinguido em 1994 com o Prémio Revelação da Sociedade Portuguesa de Autores, João Aguardela foi vocalista dos Sitiados (1987-2000), dos projectos Megafone (1997-2007) e Linha da Frente (2002). Desde 2004, o músico integrava A Naifa, juntamente com Mitó e Luís Varatojo, com quem editou em 2008 o álbum "Uma inocente inclinação para o mal".
Sitiados
Megafone
Linha da Frente
A Naifa
Discografia Sitiados (CD, BMG, 1992)
E Agora?! (CD, BMG, 1993)
Triunfo dos Electrodomésticos (CD, BMG, 1995
Sitiados (CD, BMG, 1996)
Vida de Marinheiro - Colecção Caravela (Compilação, EMI, 1997)
Mata-me Depois (CD, Sony, 1999)
Compilações Registos (1989)
Johnny Guitar (1993)
As Canções de António Variações (1994)
Filhos da Madrugada (1994)
A Cantar Con Xabarín III/IV (1996)
XX Anos XX Bandas (1999)
Mistura electrónica com música tradicional portuguesa
Discografia
4 discos homónimos
Não posso adiar o coração (2002)
Luís Varatojo (ex-Despe e Siga) e João Aguardela (Sitiados, Megafone) puseram em marcha um projecto que, partindo de base essencialmente electrónica, com instrumentos e programações a cargo da citada dupla, convida a cantar vocalistas portugueses de áreas tão distintas como o reggae e o heavy metal.
Para isso muito contribuem as palavras resgatadas a importantes senhores portugueses da escrita - Fernando Pessoa, José Carlos Ary dos Santos, Tiago Gomes, Manuel Alegre, António Ramos Rosa, António Botto, Alexandre O´Neill, António Aleixo e Natália Correia.
Para a concretização de "Linha da Frente", Luís Varatojo e João Aguardela chamaram, para dar voz às palavras e às bases instrumentais, Dora Fidalgo (Delfins), Viviane (Entre Aspas), Janelo da Costa (Kussondulola), Prince Wadada e Rui Duarte (Ramp).
É o seguinte o alinhamento de "Linha da Frente":
A Faca (Ary dos Santos)
Metro (Tiago Gomes)
Capítulo 1 (António Aleixo)
Movimento (Tiago Gomes)
Canção (António Botto)
Solidariedade (António Aleixo)
Não Posso Adiar o Coração (António Ramos Rosa)
Coro das Vozes Cativas (Natália Correia)
As Facas (Manuel Alegre)
Perfilados de Medo (Alexandre O´Neill)
Soneto (Manuel Alegre)
Nevoeiro (Fernando Pessoa)
"LINHA DA FRENTE" Linha da Frente Universal Music
Banda que reveste o fado com uma sonoridade contemporânea, mantendo a coerência e um interesse estético.
Discografia:
Canções subterrâneas
(2004)
3 minutos antes de a maré encher
(2006)
Uma inocente inclinação para o mal
(2008)
Morreu hoje, vítima de cancro.
Manuel Halpern escreveria na Revista Visão de 22 de Janeiro que: «agora, o rock soa em acordes menores. e só o sonho fica, só ele pode ficar».
João Aguardela é um dos meus ídolos de infância, enquanto corria atrás do Paulo Sousa (futebolista) por um autógrafo, ouvia e rodava os Sitiados na rádio, gravava as músicas em K7 pirata. Enquanto toda a gente se lembra do Vida de Marinheiro que ainda hoje faz pular espectadores, eu intrigava-me com a Cabana do Pai Tomás [rábula aos múltiplos rumores sobre o arquitecto Tomás Taveira] e trauteava Vamos ao Circo.
Passado anos sobre a adolescência e quando vi Aguardela com A Naifa estranhei. Mal o reconheci: menos irreverente, cabelo cortado, no fundo do palco, sossegado. Disse a mim mesma que não era ele, afinal os idolos não têm idade, não mudam com o tempo, não adoecem e muito menos morrem.
Até já, João... vou ouvir-te cantar! Nenhum Outro parvo no teu lugar, apesar do Triunfo dos electrodomésticos.
A presidência Checa da União Europeia (UE) terá encomendado ao artista plástico checo, David Cerny, uma obra que representasse os 27 países da UE recorrendo a outros tantos artistas de diferentes proveniências deste organismo político. Dando largas à sua imaginação, de si polémica, Cerny «desmontou» os estereótipos desta união económica que se quer política.
O resultado? uma obra polémica que representa, por exemplo:
o Reino Unido ausente (espaço vazio) da «Europa sem barreiras»;
a França como sinónimo de Greve;
a Alemanha como uma suástica de auto-estradas;
a Holanda submersa em que distinguem apenas os minaretes das mesquitas;
a Espanha é um estaleiro de betão com uma bomba sobre o país basco;
a Itália um campo de futebol recheado de jogadores em pleno acto masturbatório com bolas;
a Polónia são monges gay a erguerem uma bandeira;
a Grécia um incêndio;
a Bélgica uma caixa de chocolates;
a Áustria um prado de centrais atómicas;
a Irlanda uma gaita-de-foles;
a Dinamarca um cartoon a ridiculizar Moisés em Lego;
a Suécia uma embalagem de móveis do IKEA;
a Finlândia um estrado de sauna;
o Luxemburgo está para venda;
a Hungria é um conjunto de melancias (ou serão couves de Bruxelas?) atómicas;
a Estónia uma foice e um martelo feitos de ferramentas;
a Bulgária uma retrete turca;
a Roménia um parque temático dedicado a Drácula;
a Letónia um país plano suspirando por montanhas;
a Lituânia defende as suas fronteiras russas com um mictório colectivo;
o Chipre uma ilha dividida.
E Portugal? o país dos bifes «enormes» em forma de ex-colónias... ou será em forma de bitoque?
O escândalo foi despoletado pela Bulgária que terá apresentado a respectiva reclamação às entidades oficiais checas. Caso para dizer, que os checos não estavam nada preocupados com a escultura antes da «casa-de-banho» se ter entupido!
O artista terá entretanto explicado que Entropa é uma obra de arte e não uma declaração política, concebida para ser divertida e irónica.
A crise económica trás crise de humor... mas há crises de humor que vêm por bem, senão vejamos o sucesso e a projecção mediática que o artista David Cerny tem tido desde que o verniz estalou. Nada comparável à tinta que fez correr com: o tanque russo pintado de cor de rosa; a cabeça do Saddam Hussein dentro do aquário, intitulada Shark; ou o São Venceslau checo sentado num cavalo morto.
_____________________________________________________________
slideshow de Entropa ______________________________________________________________
A entrevista à newsmagazine europeia Cafebabel, com vídeo ilustrativo da obra
_____________________________________________________________
Artista defende obra que escandalizou Bruxelas, Checo David Cerny diz ao DN que o trabalho não "é declaração política"
O escultor checo David Cerny defendeu ontem, em declarações ao DN, aquilo que definiu como o seu "conceito artístico". Cerny é o autor da escultura Entropa, encomendada pela presidência da UE, a cargo da República Checa, e que está a causar viva polémica em Bruxelas.
A encomenda visava discutir preconceitos vigentes em relação a cada um dos Estados membros da UE, englobando 27 obras de artistas dos diferentes países. No entanto, Cerny ignorou o acordo e produziu a escultura com as suas ideias (com ajuda de colaboradores) inventando os autores nacionais. O trabalho custou 50 mil euros à presidência checa.
Entropa imita os jogos de modelagem, com as peças de montar destacáveis presas numa grelha. A peça portuguesa é uma tábua de bifes, onde a carne tem a forma das ex-colónias (Brasil, Angola, etc.). O estereótipo era o colonialismo e a autoria pertencia a uma inexistente Carla de Miranda.
Tal como DN noticiou na sua edição de ontem, não apenas Carla de Miranda não existe, mas o seu currículo foi copiado de uma escultora real, Beatriz Cunha.
(…)
Cerny, de 41 anos, é conhecido pelas suas provocações artísticas. Uma obra, Tubarão, ficou famosa após ser banida na Bélgica e Polónia. A instalação mostrava um boneco de Saddam Hussein enforcado, dentro de uma caixa de formaldeído. Outra ideia foi bebés gigantes a subirem uma torre de televisão.
Ao DN, o autor esclareceu que fez um trabalho de arte, não uma "declaração política". Mas algumas das interpretações nacionais são polémicas. A Bulgária protestou oficialmente e muitos funcionários alemães da UE ficaram escandalizados.
(…)
Cerny disse que não pretendera ofender e que produzira uma "brincadeira". Ontem, o escultor não sabia se o governo ia manter a escultura até 30 de Junho no átrio do edifício Justus Lipsius, sede do Conselho Europeu, em Bruxelas.
Let me hold you For the last time It's the last chance to feel again But you broke me Now I can't feel anything
When I love you, It's so untrue I can't even convince myself When I'm speaking, It's the voice of someone else
Oh it tears me up I try to hold on, but it hurts too much I try to forgive, but it's not enough to make it all okay
You can't play on broken strings You can't feel anything that your heart don't want to feel I can't tell you something that ain't real
Oh the truth hurts And lies worse How can I give anymore When I love you a little less than before
Oh what are we doing We are turning into dust Playing house in the ruins of us
Running back through the fire When there's nothing left to save It's like chasing the very last train when it's too late
Oh it tears me up I try to hold on, but it hurts too much I try to forgive, but it's not enough to make it all okay
You can't play on broken strings You can't feel anything that your heart don't want to feel I can't tell something that ain't real
Well the truth hurts, And lies worse How can I give anymore When I love you a little less than before
But we're running through the fire When there's nothing left to save It's like chasing the very last train When we both know it's too late (too late)
You can't play on broken strings You can't feel anything that your heart don't want to feel I cant tell you something that ain't real
Well truth hurts, And lies worse How can I give anymore When I love you a little less than before
Let me hold you for the last time It's the last chance to feel again
[já sei... todas as cordas ficam lassas, todos os elos se quebram... todas as músicas acabam e todos os dias conseguimos viver com um pouco menos - ou um pouco mais - de dor]
Menino, menino triste,
Quem te odiar que te minta!
Acaso nunca sentiste
Que deixavas de ser triste
Em quebrando pela cinta?
Como contar-te segredos?
Quando saberás quem és?
Menino dos lábios quedos,
Com pedras em vez de dedos
Algemas em vez de pés!
Tolhe-te o medo talvez...
Envenena-te a incerteza?
Não ouves? Não ris? Não vês?
Chama que o vento desfez!
Por que não torná-la acesa?
Dá um passo, um passo, breve...
E tudo poderás ser:
Rosa ou peixe; fogo ou neve.
Quem canta paga a quem deve
E nunca chega a morrer!
Anoitecer
Um dia, pus o pé na juventude.
O ramo estava em flor. E a flor ilude...
Embriagou-me a luz, a cor e o aroma,
Como se tudo fosse uma redoma.
Olhei de frente para o meu espelho
E vi um cravo! O cravo era vermelho...
Depois, fiquei-me a olhar, a olhar, a olhar...
Ai! sem dar fé de que subia o mar!
E veio a idade – imóvel movimento –
- nuvem calada que me trouxe o vento...
Pátria
A Pátria não é apenas
Um corpo de bailador.
Não são duas mãos morenas
Nem mesmo um beijo de amor
Mais do que os livros que lemos,
Mais do que os amigos que temos,
Mas até que a mocidade,
A Pátria, realidade,
Vive em nós, porque vivemos.
Início
As aves só são aves quando sinto
Que a luz, o aroma e o ar de que preciso
É fugir de mim prório, enquanto minto
Sem que em ti poise nunca o meu sorriso...
Entretanto, emendo, olhando o teu cabelo,
Minha expressão, cruel quando tranquila.
Fruto vermelho!
Quem não quer colhê-lo?
Porta fechada...
Quem não quer abri-la?
Fronteira
Naquele banco sentado
(à sombra de que bandeira?)
Dir-se-ia, quase, um soldado
Servindo terra estrangeira.
Até nas cores do fato
Encarnado, azul e branco,
Havia como um retrato
(mas... de quem?) naquele banco.
Nuvem de oiro o seu cabelo!
Na boca tinha uma rosa...
Senti minha vida, ao vê-lo,
Cada vez mais misteriosa...
De olhos deitados ao chão,
Vagamente ele sorria...
E, antes que eu sonhasse, em vão,
Aquela imagem fugia!
Juventude, juventude,
Hoje alheia, outrora nossa!
Tudo o que, outrora, já pude
Fazer com que, hoje, não possa!
Carta a António
Onde estás? Onde estás se é que estás perto
E no meu peito continuas vivo?
Onde estás? Onde estás, se é que, liberto,
Podes-me ouvir, a mim que estou cativo?
Em sonho, lembro quando, lado a lado,
Éramos arcos firmes de aqueduto.
Onde estás? Onde estás, rosto velado
Sem lágrimas, sem rugas e sem luto?
Havia dois amigos: Pedro e António.
(Que todo o mundo saiba finalmente!)
E a morte? – Não há morte nem demónio,
Mas versos: os das almas frente a frente.
Frágil, baloiça a barca... frágeis remos!
E a mão de Deus? De súbito, amanhece...
Nós, os Poetas, morremos
Só quando alguém nos esquece.
Regresso
Fiz do meu corpo uma bandeira ao vento,
Enquanto ia tombando a embarcação.
Ó Himalaia do meu sofrimento!
Ó mar da China – mar da tentação!
Fiz do meu corpo uma bandeira ao vento
Enquanto ia tombando a embarcação...
E nunca os olhos dos adolescentes
Luziram mais ardentes!
Nunca em seus ombros o luar foi tanto
Para a minha alma e para o meu espanto...
Cabra-cega
Amizade? Cabra cega
Que tens por bandeira o riso!
A alma quando se entrega,
Ri o corpo, ainda indeciso...
Ri como quem oferece
Pérolas, rosas e neve.
Mas a alma não se atrave...
E tudo, por fim, esquece!
E uns pelos outros passamos,
Felizes ou infelizes,
Libertados pelos ramos,
Mas presos pelas raízes.
De Profundis
Como vela que se apaga
Um dia me apagarei.
Como os lábios de uma chaga
Se fecham, me fecharei.
Como fogo, já calado
Cuja cinza não ilude,
Fui pecado e sou pecado,
Fui virtude e sou virtude.
Como aquele coração
Pela noite defendido,
Como o vento e a solidão
Que me não sai do sentido,
Do lume passando à neve
(Como tinha de escrever...)
Meu corpo ficará leve
Antes de se desfazer.
Sem temer a eternidade
Muda e quieta, quieta e fria,
Dizei-me: - qual de vós há-de
Chegar-se a mim, nesse dia?
Se assim não for, vosso alarme
Desafio, frente a frente
Podeis despir-me e deitar-me
Diante de toda a gente!
Atentado
Rasguei o cabelo ao Sol.
Rasguei os ombros à Lua.
Rasguei os dedos aos rios.
Rasguei os lábios às rosas
E rasguei o ventre aos frutos
E a garganta aos rouxinóis.
Mas ninguém (nem mesmo tu!)
Viu que, em tudo, o que eu rasgava
Era a imagem do teu corpo
Branco,
Firme,
Intacto,
Nu.
Nós portugueses somos castos (1967)
Perseguição
Subitamente, no meu ombro, quedo,
Um pássaro deixou de ser promessa.
Anoitece... e o luar veio tão cedo!
E as roseiras floriram tão depressa!
Deixou de ser a música segredo
Apenas, onde, sensual, começa...
Anoitece... e o luar veio tão cedo!
E as roseiras floriram tão depressa!
Tenho medo da sombra porque é doce.
Tenho medo do mar como se fosse
Meu peito, a praia e a onda, a tua mão.
Tenho medo e esse medo me atordoa
E fujo à brisa que desabotoa
As pálpebras, fechadas sempre em vão!
As perguntas indiscretas (1968)
Espera
No momento em que chegasse
Sei lá bem como seria!
De longe, traço-lhe a face,
Dando-lhe os olhos do dia...
Dou-lhe os cabelos do vento!
Dou-lhe os olhos das estrelas!
Dou-lhe as rosas com que tento
Embriagar-me, ao colhê-las...
Mas nem que, dentro de instantes,
Me desiluda a mentira,
Lembro alguém, maior que dantes,
Porque, sonhando, respira...
[Regresso dos portugueses Lulla Bye com novo álbum - One Way.]
These rumours say you're different These rumours say you need a change And I've been told your misery Is part of what you mean to me I know you need to make amends That someone said I was to blame And that I had to try my best And that you had some bigger plans But I, I know that something's wrong And I, can be the chosen one
You just sit there, no words Why don't you find your way? Why can't you find a way, And be sure you are here to stay You just sit there, no words Why don't you find your way? Why can't you find a way, find a way.
I don't need to be a part of you as long you're here A part of me.