08 setembro 2013

Pode-se vencer o medo? (Valerio Albisetti)

Valerio Albisetti é, neste momento, o autor que mais quero ler. Depois de Como atravessar o sofrimento, peguei em Pode-se vencer o medo?  e a leitura foi voraz. Não são livros complexos, nem longos, mas são substanciais e fazem-me pensar, compreender e, sobretudo, ter vontade de aperfeiçoar a minha relação com os outros.

Albisetti ensina-me a compreender o que é o medo, o medo da realidade, e sobretudo porque tenho medo dessa realidade. Ensina que só olhando para a realidade com autenticidade (sem preconceitos ou certezas) podemos encontrar sinais e indicações úteis para o nosso caminho espiritual, isto porque, se estivermos ocupados com os nossos pensamentos preconcebidos, não teremos espaço para "ver". Para que isto aconteça é preciso aprender a controlar os pensamentos, são estes que "carregam" a nossa psique, a nossa alma e nos levam ao julgamento do outro, às angústias, à raiva, e... ao medo, pois o medo é o resultado das nossas "racionalizações".

Temos medo de:
.sermos nós próprios
.sermos únicos e irrepetíveis (diferentes dos outros)
.assumirmos a responsabilidade de sermos nós próprios. De conhecer e aceitar as nossas fraquezas.
.de começar a nossa própria viagem. Temos tendência a seguir os passos dos outros para "evitarmos" o peso de ter de escolher e de poder "errar", e acima de tudo para "não estarmos sozinhos"
.de sermos espirituais pois isso implica vivê-lo e dar testemunho
.de sermos amados por Deus, porque esse reconhecimento impedir-nos-ía de culpar os outros pelos nossos erros, pela nossa infelicidade, pelos nossos fracassos. "Obrigar-nos-ía a sair do nosso papel de vítimas, em que só temos pena de nós e ansiamos por compreensão e ajuda dos outros. Mas não entramos dentro de nós" (p. 22)

Nós não compreendemos o outro, porque não nos conhecemos; não o respeitamos porque não nos respeitamos. Preferimos abdicar de nós, da nossa especificidade perdendo assim a oportunidade de recebermos os nossos carismas e fazê-los frutificar.

Passei a vida inteira a procurar, a compreender, desde que era menino, mas agora sei qual é o caminho: o espiritual.
Embora ainda tropece e, por vezes, caia e perca a direcção, sei que Deus me ama desde sempre, desde que nasci, e até antes; e sei que quero fazer a minha viagem, realizar a missão para que me enviou a esta terra. Amo-O.
Quando não me esqueço da sua presença em mim nem do seu infinito amor por mim, não sei o que é o medo. (...)
Viver espiritualmente significa acreditar que o que acontece tem um sentido e nos ensina sempre algo de útil para a nossa viagem.
O espírito não tem medo.
Viver o espírito produz paz, alegria e serenidade.


Quando deixamos a nossa psique dominar-nos, prevalecem os pensamentos, pois a psique exprime-se através do corpo. Se os nossos pensamentos não forem serenos o resultado serão distúrbios psicossomáticos. Nós somos os nossos pensamentos! Os pensamentos movem as nossas atitudes e comportamentos. Uma pessoa pode agredir-nos verbal e fisicamente, mas isso acontece fora de nós, E só entrará em nós se deixarmos. O que sentimos dentro de nós pertence só a nós e a Deus. A interioridade é o único lugar onde podemos deixar entrar apenas quem quisermos, e o que quisermos.

A confiança em nós afasta o medo, mas a sociedade em que vivemos só existe porque existe o medo... Se houvesse mais Deus nas nossas vidas, haveria maior paz, maior tranquilidade...

Curei-me quando deixei de ter medo.
Quando decidi nunca mais escolher os pensamentos negativos, o medo, o terror, o sentimento de inferioridade, de infelicidade e de culpa, mas escolher os pensamentos positivos e a paz interior.
Quando decidi nunca mais me sentir um ser a que falta alguma coisa que só os outros podem dar.
Quando decidi nunca mais construir relações baseadas em necessidades mútuas.
Quando decidi abandonar a falta de confiança e nunca mais me sentir infeliz, quando os outros não satisfazem as minhas exigências.
Quando decidi nunca mais acreditar que os outros possuem coisas que eu não tenho.
Quando decidi nunca mais tentar mudar as pessoas que me rodeiam para satisfazer as minhas necessidades.
Quando, em vez disso, decidi escolher pensamentos positivos, aceitar-me a mim próprio e aos outros pelo que somos - porque nenhum de nós tem tudo o que precisa -, nunca mais pus limitações ou condições ao amor que sinto e procuro, sobretudo, a serenidade interior.



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