31 julho 2011

Joss Stone (Festival dos Oceanos, 30 de Julho 2011)

A vinda de Joss Stone a Lisboa tinha dois grandes motivos interdependentes: promover a abertura do Festival dos Oceanos 2011 (iniciativa do Turismo de Portugal, do Turismo de Lisboa e da Câmara Municipal de Lisboa) e divulgar o novo álbum da cantora, LP1, lançado no dia 26 de julho.

A cantora transpirou jovialidade, simpatia e gargalhadas. Ouviu, algo embaraçada, elogios e lisonjas, e deslumbrou-se com a "multidão" portuguesa que encheu a Praça do Comércio, numa noite quente, mas agradável. Destaque também para a banda e para o coro de Joss que, sem pirosice, enlencou uma série de corografias que fizeram as delícias dos presentes e cujo agradecimento foi evidente nos aplausos e no acompanhamento que foi feito aos coristas.

Momentos musicais da noite... todos!

Do novo álbum 2 faixas inesquecíveis:

Last one to know




Drive all night




Ainda o dueto fabuloso com Sara Tavares




O fecho foi em climax com o ultrahit: Right to be Wrong.

28 julho 2011

Manuel António Pina (Prémio Camões, 2011)

It's all right, ma...

Está tudo bem, mãe,
estou só a esvair-me em sangue,
o sangue vai e vem,
tenho muito sangue.


Não tenho é paciência,
nem tempo que baste
(nem espaço), deixaste-me
pouco espaço para tanta existência.


Lembranças a menos
faziam-me bem,
e esquecimento também
e sangue e água a menos.


Teria cicatrizado
a ferida do lado,
e eu ressuscitado
pelo lado de dentro.


Que é o lado
por onde estou pregado,
sem mandamento
e sem sofrimento.


Nas tuas mãos
entrego o meu espírito
seja feita a tua vontade,
e por aí adiante.


Que não se perturbe
nem intimide
o teu coração, 
estou só a morrer em vão.



As vozes
 
A infância vem
pé ante pé
sobe as escadas
e bate à porta

– Quem é?
– É a mãe morta
– São coisas passadas
– Não é ninguém

Tantas vozes fora de nós!
E se somos nós quem está lá fora
e bate à porta? E se nos fomos embora?
E se ficámos sós? 

Junto à Água

Os homens temem as longas viagens,
os ladrões da estrada, as hospedarias,
e temem morrer em frios leitos
e ter sepultura em terra estranha.

Por isso os seus passos os levam

de regresso a casa, às veredas da infância,
ao velho portão em ruínas, à poeira
das primeiras, das únicas lágrimas.

Quantas vezes em

desolados quartos de hotel
esperei em vão que me batesses à porta,
voz da infância, que o teu silêncio me chamasse!

E perdi-vos para sempre entre altos prédios,

sonhos de beleza, e em ruas intermináveis,
e no meio das multidões dos aeroportos.
Agora só quero dormir um sono sem olhos

e sem escuridão, sob um telhado por fim.

À minha volta estilhaça-se
o meu rosto em infinitos espelhos
e desmoronam-se os meus retratos nas molduras.

Só quero um sítio onde pousar a cabeça.

Anoitece em todas as cidades do mundo,
acenderam-se as luzes de corredores sonâmbulos
onde o meu coração, falando, vagueia.


[Poesia, Saudade da Prosa - uma antologia pessoal, Assírio e Alvim, 2011]

25 julho 2011

Tanita Tikaram

Com mãe oriunda da Malásia e com o pai das Fiji, a mistura genética ameaçava ser explosiva, mas ainda foi complementada com um nascimento na Alemanha, e vida de viajante numa naturalização britânica... Chamada "the velvet voice" está desde 2005 (álbum Sentimental) em silêncio...


Good Tradition, Twist in my Sobriety e Cathedral Song são as mais conhecidas e imediatamente entoadas, contudo um recuperar de memórias trazem facilmente:

You Make the Whole World Cry

Love is just a word 

I love you

Harm in your hands

A grande descoberta acontece com And I think of You




Night is falling
I think of you
I'm walking home
I think of you
And as he calls me, yes I do
I think of you
How you doing?
I think of you
And I smile, I can't hide
I think of you

I don't know where your days are spent
Your lovers and you friends
But I know for sure
Of who you have been thinking

Far beyond the city's lights
Are two who dream a life
Forgive them if they never find their freedom
Their freedom





Maybe I'm wrong
To want so much
I feel those kisses falling
Oh, it's never enough
Maybe it's a fool
Who turns to dust
Never knowing how to hold onto
Fearing who they love
Fearing how they love

Just tell me that it's something new
A place to lose myself and not feel used
That's just the old sound
That's just the sound of the rain
But it's not coming down again

Now you've been down
And hurt inside
To feel that no-one's waiting
And your heart's open wide
But the day isn't long

And there's so much to live
Don't tell me how your faith is near to broken
So much to give
So much to live

Just tell me that it's something true
A place to lose my head and not feel used
That's just the old sound
That's just the sound of the rain
But it's not coming down again
I feel my body moving,
I feel the sun on my face I do
I feel my world is changing,
I feel the sun on my face I do
'Cause baby I'm no-one's fool,
Baby I'm no-one's fool  





e os ritmos mais animados de If I Ever, The Cappuccino Song, Don't Let the Cold também são bem vindos.

Laura Izibor

Cantautora e produtora, a jovem irlandesa Laura Izibor colhe os frutos do seu primeiro album " Let the Truth be told", numa mistura de RnB e soul music, derramada sobre o fiel piano.

mmm é o primeiro avanço apresentado na séria One Tree Hill, onde a cantora se torna actriz.




Mas Don't Stay, revela força e determinação



Looking back on the years you see
It was you and me but I gave too much you see
And now it seems you’ve grown tired
And wanna walk away, but you feel obliged to stay
We break up and make up
And everything would be brand new
We gotta face up there ain’t no make up
I said there’s nothing left to do, and

Don’t stay, if you don’t wanna stay


Assim como If Tonight is my last, revela o lado mais Pop de Laura.



 
Destaque ainda para os ritmos alegres de Shine, de From my eart to yours,  

18 julho 2011

Chambao

Pela Alma...





Andaba perdia de camino pa la casa
cavilando en lo que soy y en lo que siento
pokito a poko entendiendo
que no vale la pena andar por andar
que´s mejor caminá pa ir creciendo

volvere a encontrame con vosotros
volvere a sonreir en la mañana
volvere con lagrima en los ojo
mirar al cielo y dar las gracias





Temores, suspiros, quebrantos
que traen el llanto
Deseos,
esa extraña fuerza que me povoca, aaayayay!!

Palabras,
Que se las lleva el viento y son de mi boca
Pensamientos malos que me envenenan
yo quiero librarme de esta condena

Y encender esa luz
que llevamos dentro...

Destellos, conectan lo puro
que llevo dentro





E pelos direitos humanos...




E pelos direitos dos animais...





[hoje acordei em modo espanhol...]

12 julho 2011

Adam (2009)



Quando o pai de Adam morre, o patrão o despede e o advogado o aconselha a vender a casa, tudo parece perdido para um jovem só, com dificuldades de entendimento sobre o mundo que o rodeia. Mas é então que surge Beth (Rose Byrne), a vizinha do andar superior que escreve histórias infantis e trabalha numa escola primária. A relação com Adam cresce, mas Beth não se consegue relacionar totalmente com um homem que não sabe criar empatia, nem compreender os sentimentos, nem os seus, nem os dos outros. E quando se é mulher, isso é afinal o mais importante.

Um grande Hugh Dancy representando o jovem Adam Raki com síndroma de Asperger.

Um filme que poderia ser especial, com uma história cativante, contudo o brilhantismo dos dois protagonistas não compensa a falta de mestria do realizador Max Mayer. Quando tudo o que era pedido era a exploração psicológica e quotidiana do desencontro e do encontro, eis que surge a história paralela do pai de Beth, roubando o focus da inadaptação de Adam.

Ainda assim, vale pelo retrato da diferença e para aprendermos a aceitar e a tolerar o outro com as suas particularidades, que podem nem ser o resultado de uma anomalia.