22 dezembro 2011

One Day (2011)


One day I shall be a fan of Anne Hathaway… today is not that day, though I must say she made me feel sorry for all the women she represents in this movie.



É mesmo isso. Quando comecei a ver este filme o espírito era de “passar o tempo”, “criar vazio mental”. Pensei estar perante uma comédia romântica, mas deveria ter suspeitado quando as imagens que se insinuavam mostravam uma Londres sombria, um Tamisa cinzento e um guarda-roupa ridículo. Os óculos redondos de Hathaway, recém-formada, não me deveriam ter enganado… este filme não é uma comédia.

O filme representa um dia – 15 de julho – na vida de Emma (Anne Hathaway) e Dexter (Jim Sturgess), dois colegas acabados de sair do liceu com a one night stand de formatura frustrada, devido ao “pouco jeito” de Emma e à bebedeira de Dexter. A noite diferente acabou por ser dormirem na mesma cama mas como amigos. E efectivamente foi a receita para se tornarem grandes amigos, aqueles amigos que contam tudo um ao outro, apesar de distantes, apesar de objectivos de vida diferentes. 
Emma sonha ser escritora, mas entrega-se ao trabalho num restaurante mexicano até decidir formar-se como professora primária. Dexter é um menino mimado que quer ser famoso, tornando-se apresentador de televisão. Emma adia o seu sonho e apaixonada vai acompanhando a vida desregrada de Dexter. Entre mulheres, álcool e droga, Dexter entra num caminho sem volta até perder a mãe, vítima de cancro, se casar forçado devido à gravidez precoce da namorada, ser despedido da televisão, trabalhar na cozinha de um amigo de infância multimilionário e se divorciar devido à traição da mulher com o amigo multimilonário e patrão. 
A única constante na vida de Dexter é Emma que entretanto inicia um romance com Ian, um comediante fracassado. É então que Dexter percebe que não pode viver sem saber que Emma está lá para ele e se declara. Emma separa-se de Ian mas cedo percebe que Dexter não está pronto para uma relação. É Às voltas com este desgosto que Emma escreve e publica o seu livro, sucesso de escaparates, e emigra para Paris onde inicia uma relação com um francês. 

Recém-divorciado Dexter procura Emma declarando-se e jurando-lhe amor eterno. E Emma regressa a Londres para iniciar finalmente a relação que desejou durante vinte anos.
Dexter abre o seu negócio de produtos e comida biológica e Emma continua a sua actividade como escritora. Finalmente, os dois amigos são felizes, até que…


Se até aqui não tinha qualquer tipo de simpatia pelo menino mimado, que faz os possíveis por manter a amiga interessada, é chegado o ponto no filme em que começo a sentir pena de Dexter. Porque quem quer tudo, nada tem. Emma lutou, por vezes desistiu e desesperou, mas lutou e a certo ponto conseguiu. Empenhou-se de tal forma que mereceu tudo o que conquistou, mas quando chegou… perdeu, ou pelo menos, deixou de brilhar. E ficamos a saber por Ian que ela só brilhava quando estava com Dexter, aquele amigo que nem sempre estava, não sabia se gostava e que só se lembrava de Emma quando esta parecia ter “mudado de rumo”.
Este filme é um drama. Retrato de meninos, daqueles bad boys que não queremos na nossa vida. Mas também o retrato das mulheres que amam as pessoas erradas, que a certa altura, se tornam na pessoa certa. Uma ode à teimosia ou à burrice, ainda não sei… mas fiquei a pensar.

Inspirado no livro de David Nicholls (tenho esta tendência, nenhuma história é apenas cinematográfica "nesta sala").

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