quem nada tem nada pode perder, mas quem arrisca pode ganhar tudo... 'sem a loucura que é o homem mais que a besta sadia, cadáver adiado que procria?' [Fernando Pessoa, D. Sebastião]
22 janeiro 2011
Black Swan (2010)
Triller psicológico realizado por Darren Aronofsky (The Wrestler) e centrado numa companhia de ballet de Nova Iorque. O retrato de uma bailarina que vive num mundo de pressão entre a perfeição da sua prestação (Natalie Portman), uma mãe cuja carreira de bailarina se ficou pelos coros e que acabou com uma gravidez inesperada aos 28 anos (Barbara Hershey), um professor duro e exigente (Vincent Cassel), uma dançarina em fim de carreira (Winona Ryder) e uma "estrangeira" que ameaça tornar-se a estrela da companhia (Mila Kunis).
Quando o director artístico Thomas Leroy (Cassel) decide substituir a sua bailarina principal Beth MacIntyre (Ryder) para a abertura da nova época de ballet na prdução O lago dos cisnes, começa a competição entre as restantes solistas da companhia e Nina (Portman) esforça-se até ao limite da sanidade mental para ser a sua primeira escolha. O seu principal desafio é vencer a concorrência de uma nova bailarina Lily (Kunis), que desde o primeiro dia impressiona Leroy.
O lago dos cisnes requere uma bailarina que personifique o cisne branco: a inocência e a graça, característicos de Nina; e o cisne negro: a revolta e a sensualidade, próprios de Lily. Enquanto Leroy seduz Nina e tenta fazer emergir o seu lado "negro", Lily leva Nina ao mundo do sexo, da sedução, da droga e da bebida, arrastando-a para o mundo do qual a mãe Erica sempre a protegera.
Face à pressão de um mundo que teme, da sua ambição e desejo de perfeição, Nina desenvolve alucinações, distúrbios alimentares, cleptomania e comportamentos de auto-mutilação. Para além de uma revolta projectada na mãe, hiper-protectora e depressiva.
Quando o lado negro de Nina finalmente emerge, a jovem atinge a perfeição na interpretação do cisne negro na noite de estreia, mas o preço a pagar dessa perfeição foi - talvez - demasiado caro!
Mais uma interpretação magnífica de Portman, que já lhe valeu um Globo de Ouro! Uma realização frenética, com pontos de vista parciais e close-ups constantes às personagens: "gastas", enigmáticas, sofredoras, "loucas". Um retrato do preço do protagonismo e do mal contemporâneo da fama.
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