29 junho 2008

my blueberry nights



«Por vezes a distância entre duas pessoas pode ser curta e a distância emocional medir-se em quilómetros» Wong Kar-Wai


Qual a distância entre um desgosto amoroso e um novo começo? Como é medida? Através do espaço, do tempo ou da memória? Elizabeth (Norah Jones), uma jovem mulher desencantada, embarca numa viagem de reencontro emocional para esquecer um coração partido. À medida que as feridas emocionais começam a desaparecer, as experiências de Elizabeth com uma série de estranhos, sem qualquer ligação entre si, levam-na a novos e inesperados capítulos na sua vida. Dos devaneios poéticos do proprietário de um café aberto pela noite dentro (Jude Law), às propostas desesperadas de uma jogadora numa maré de azar (Natalie Portman), ao laço quebrado entre um polícia perturbado (David Strathairn) e a sua rebelde esposa (Rachel Weisz), estes indivíduos redefinem a perspectiva de Elizabeth sobre a vida, os relacionamentos e finalmente a sua própria identidade. Lentamente, Elizabeth começa a desligar-se do passado descobrindo um novo caminho para si - em direcção ao verdadeiro amor.

Realizado pelo aclamado realizador Wong Kar Wai, «My Blueberry Nights - O Sabor do Amor», é a tocante passagem pelo território que separa a dor de um amor perdido da sua inebriante redescoberta.


Um filme talvez despretensioso - mas como é que um filme com Jude Law, Natalie Portman e Rachel Weisz pode ser despretensioso? - com histórias de personagens que podiam muito bem ser pessoas com quem nos cruzamos - ui que bom que era: sai um Jude Law para as ruas da Amadora - com histórias quotidianas (já dizia a música: hearts are broken every day).


Mais uma lição sobre «amores», «encontros» ou melhor «desencontros». Um dia arrumamos os sentimentos de uma forma e no dia seguinte podemos querer - ou ter que - alterar tudo. O que fica quando uma raiz sentimental é arrancada do nosso coração sem apelo nem agravo, por vezes, até sem palavras próprias, mas palavras ouvidas pela boca de um estranho? Fica a nossa vontade para não nos entregarmos ao desespero e à tristeza, para nos erguermos e fazermos pela vida, sem deixar que sejam os outros a mandar em nós. Mas neste processo, é fundamental ter uma referência algures, para quem possamos escrever um postal, enviar uma mensagem. há coisas que só «existem» quando podem ser partilhadas com aquela pessoa a quem podemos contar tudo, pois vai ouvir. pode nem compreender, mas ouve. a pessoa a quem podemos contar tudo e que um dia reencontramos, quando paramos de buscar um sentido que, afinal existe onde partimos.



por vezes, mesmo quando possuímos as chaves, uma porta pode não abrir.
mesmo que a porta esteja aberta, a pessoa que procuras poderá já não estar lá.


From my observations, sometimes it's better off not knowing, and other times there's no reason to be found.

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