09 março 2014

Dallas Buyers Club (2013)

Talvez O filme de 2013, baseado na história verídica de Ron Woodroof, um electricista com uma vida errática marcada por excessos de álcool, apostas, rodeos, droga e sexo.

Um dia o corpo vacila e é-lhe diagnosticado o vírus do HIV que entretanto dera lugar à doença da SIDA. Entre revolta com a situação e a determinação para mudar a sua situação, acaba por criar um esquema de medicinas alternativas para se ajudar e para ajudar todos os excluídos pelo sistema e afectados pela doença, numa luta desigual com as grandes farmacêuticas.



Quando finalmente vi este filme já conhecia a história e já  Matthew McConaughey tinha sido aclamado pela crítica e recebido o Globo de Ouro. Contudo, apenas depois de me desiludir com o The Wolf of Wall Street me predispus a dar uma oportunidade a mais um nomeado (tenho uma certa alergia ao mainstream, reconheço).

Não tenho grande simpatia por filmes que se alimentam da decadência humana escolhida e Dallas Buyers Club começa por mostrar o quão estúpidos podemos ser quando não nos importamos com a vida e apenas procuramos emoções fugazes e fugas constantes do que somos. Todavia, Ron é completamente ambivalente. Nota-se o desleixo, a desonestidade e o menosprezo pelo risco, da mesma forma que se vê a vontade de viver e de o fazer com emoção e adrenalina. Perante a doença, recrimina-se pelas opções que tomou, mas não desiste de procurar uma solução recusando a fatalidade da morte.

Graças à sua determinação e vontade de ajudar os condenados pelo sistema, arrisca ainda mais a vida e a liberdade, gasta todo o dinheiro que tem e angaria. Faz novos amigos que embarcam com ele na aventura de uma vida condenada e consegue transformar a sentença de 30 dias de vida em quase sete anos de serviço, sem baixar os braços e perdendo os melhores amigos pelo caminho.

 Apesar da ambivalência, Ron é leal, retribui amizades e revela verdadeiros sentimentos e acções de solidariedade, mostrando como os pre-conceitos em relação às aparências e às pessoas conseguem ser ainda mais cruéis que os vícios da adição a substâncias e comportamentos erráticos que apenas põem em causa a nossa vida, e nunca a dos outros.

Uma palavra ainda para outra interpretação fenomenal: Jared Leto. Completamente irreconhecível no papel de Rayon, travesti homossexual, renegado pela família, mas um ser humano de sentimentos puros e de grande lealdade. É Rayon que ajuda Ron e o mantém motivado; é Rayon que apresenta a Ron o mundo da discriminação e do sofrimento dos que são rotulados.

E coube a Jared Leto o discurso mais marcante dos Óscares 2014.



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