22 março 2012

Hugo (2011)

Paris, anos 30 (não! a culpa não é minha...)
Um pequeno órfão vive na estação de comboios onde clandestinamente mantém os relógios em funcionamento. Hugo aprender a "arranjar as coisas" com o pai relojoeiro e handyman no museu onde perdeu a vida num incêndio. Com o desaparecimento do pai, Hugo vai viver com o tio alcoólico para a estação, mas o tio desaparece e deixa-o sozinho. É então que Hugo decide arranjar a única coisa que o pai lhe deixou - um autómato avariado e que só funciona com uma chave especial em forma de coração - e começa a procurar peças. Surpreendido por Meliès dono de uma loja de brinquedos, Hugo passa a trabalhar na sua oficina arranjando os brinquedos partidos, contudo o menino tem algo que incomoda muito Meliès - um caderno com desenhos e sonhos: "a voz dos mortos".

Hugo não percebe o transtorno que causa ao velho senhor e ainda menos o porquê do mesmo lhe ficar com o caderno. É então que se torna amigo de Isabel, afilhada de Meliès e possuidora da chave em forma de coração que dá vida ao autómato, e ambos iniciam a aventura das suas vidas. Isabel desvela o mundo da literatura a Hugo e este desvela-lhe o encanto do cinema. Juntos descobrem um professor de cinema que lhes mostra os trabalhos de um grande cineasta dado como morto na guerra: George Meliès. É então que Hugo percebe o transtorno que causa ao seu "patrão". Meliès fora um grande cineastra, perseguido na guerra e resignado pela mesma. Apesar de não ter morrido, enterrou na mesma a sua paixão.

Um filme sobre propósito. Sobre o que somos e o que fazemos para ser. A perseguição de um sonho e o lidar com a sua impossibilidade. Um filme sobre solidão e companheirismo. Um filme de valorização do absoluto, da esperança, um hino à perseverança!



Algumas frases fabulosas deste filme: Maybe that's why a broken machine always makes me a little sad, because it isn't able to do what it was meant to do... Maybe it's the same with people. If you lose your purpose... it's like you're broken. 

I'd imagine the whole world was one big machine. Machines never come with any extra parts, you know. They always come with the exact amount they need. So I figured, if the entire world was one big machine, I couldn't be an extra part. I had to be here for some reason. And that means you have to be here for some reason, too. 


Realizado por Martin Scorsese e com interpretações de Asa Butterfield, Chloë Grace Moretz, Ben Kinsley, Sacha Baron Cohen e um bocadinho de Jude Law.

11 março 2012

Jodaeiye Nader az Simin (a separation)

Filme iraniano realizado por Asghar Farhadi e vencedor da categoria de melhor filme estrangeiro (óscares 2012). Com brilhantes interpretações de Leila Hatami, Sareh Bayat e Peyman Maadi. Um justo vencedor diria, mas não tenho termos de comparação pois não vi mais nenhum dos nomeados.


A separation conta a história de uma família iraniana. A mulher Simin quer sair do Irão, emigrar para proporcionar uma melhor educação à filha. Mas o marido Nader tem um pai acamado de quem tem de cuidar e que não quer abandonar. Decidem então divorciar-se, mas Simin não consegue deixar a filha para trás e vai apenas viver com a mãe.

É então que Nader contrata uma empregada para o ajudar com o pai doente, mas a cultura iraniana é muito diferente da ocidental e compreendemos os contrangimentos sofridos por Razieh, muçulmana devota e temerosa do marido. Entre mal entendidos, Razieh perde o filho, é acusada de roubo e Nader acusado do assassino do bebé.

Um drama que não pode ser visto de ânimo leve face ao desconcerto das tradições, dos preceitos e da desigualdade de géneros que se vive no Médio Oriente. Revolta, especialmente porque verificamos que afinal todos somos seres humanos que simplesmente não dizem as palavras certas no momento certo. As palavras salvam situações na mesma medida que provocam problemas. A dificuldade está em saber que palavra para que momento.