02 janeiro 2008

a vida nova



um dia li um livro e toda a minha vida mudou

quando expus de novo o rosto à luz que jorrava do livro, o meu espírito já não era senão uma página em branco num caderno aberto à minha frente. e era assim que todo o conteúdo do livro se imprimia na minha alma


Sinopse: Osman, um jovem universitário de Istambul, descreve o assombro da sua iniciação à idade adulta. Obcecado com este livro mágico, que lhe parece mostrar a sua própria vida num outro universo, Osman lê-o com fervor, noite após noite, e apaixona-se por uma lindíssima jovem, Janan. Este livro promete revelações luminosas e terríveis, para além da compreensão de Osman. Movido por um impulso incontrolável, o jovem abandona tudo, para reencontrar a sua amada e descobrir os segredos mais obscuros que o livro encerra, viajando de autocarro em autocarro, até ao coração inóspito da Turquia rural. Num país suspenso entre o Oriente e o Ocidente, as personagens deste livro vivem aventuras quase míticas numa demanda que reflecte com talento a visão do mundo do autor. Prémio Nobel da Literatura 2006.


Vida Nova é uma obra profundamente melancólica e desiludida, que retrata um homem sem rumo em busca de um amor que parece estar ali mesmo ao lado e que, no entanto, por mais que estenda a mão, não consegue alcançar. É uma triste história de amor, de um homem que se vê vergar ao peso do seu amor, por não poder entregá-lo à mulher que ama. É a história de alguém que acreditou num mundo perfeito, que existia um sentido para a vida, que algures no fim de uma viagem de autocarro estariam as respostas a todas as perguntas da humanidade.É um livro que viaja implacavelmente aos recantos mais obscuros da mente de um homem perdido, e que nos mostra como é fácil perdermo-nos na estrada.

Este jardim árido e sem limites era bordejado de um dos lados pela estrada asfaltada coberta de estilhaços de vidro e, do outro estendia-se, ainda invisível, rumo ao país sem regresso. Convencido de que se tratava do país silencioso e de uma tepidez paradisíaca que, desde havia semanas, pairava vagamente na minha imaginação, avancei num passo decidido para a noite de veludo, caminhei como um sonâmbulo, mas estava bem acordado, os meus pés já não tocavam o chão. Talvez porque já não tinha pés, talvez porque já não me lembrava de nada, estava ali, pura e simplesmente, com o corpo e o espírito entorpecidos. Cheio de mim, unicamente de mim.


“O Amor é a necessidade de abraçar com muita força alguém e de querer estar sempre do seu lado. É o desejo de esquecer o mundo exterior quando se abraça esse alguém. È a necessidade de descobrir um refúgio seguro para a alma.”


[Até onde pode uma resolução mudar uma vida? Até onde pode ir a teimosia de alguém que diz querer uma nova vida? até onde aguentamos por amar alguém?]

1 comentário:

Miriam Cardoso disse...

Profundo!
Vim só meter veneno... :P