26 janeiro 2015

The Fault in Our Stars (2014)

Não li o livro pelo que não tenho termo de comparação. Habitualmente os filmes ficam aquém da composição literária, não obstante o ethos e o pathos poderem ser comuns. No cinema, a imagem toma conta dos sentidos; na leitura sobressaem os sentimentos, a possível imaginação.

Adiei ver o filme, talvez a esperança de poder ler primeiro o livro, mas isso não aconteceu.

A doença, o cancro, a morte, são sempre temas dolorosos. A sua representação tende para o apelo à pena como o autor fictício, revoltado pela perda, Peter van Houtten (quem melhor que William Dafoe para o interpretar?) faz questão de sublinhar. Não que o paciente use conscientemente a doença para inspirar sentimentos de pena. A experiência tem-me mostrado que quem está verdadeiramente doente e tem consciência da proximidade da morte, luta pela vida, não baixa os braços ou coloca nos outros o ónus da dor. Isso são os outros... os que querem estar doentes para ter atenção, que se sentem sós.

Neste filme, nenhum dos doentes quer pena, muito pelo contrário. Querem, por um lado, ser tratados como seres humanos "normais" sem o tema habitual da doença que lhes lembra a dor e o fim; por outro lado, querem minimizar o sofrimento que causam a quem amam e que, provavelmente, em breve, terão de viver com a perda.

A tristeza de Hazel, a sua busca por respostas, não são sobre a doença e sobre o porquê de estarem doentes, mas o que acontece depois, a quem causaram "trabalho", tristeza... quem os perde. Hazel só quer "minimizar" os efeitos laterais, por isso tenta manter Gus à distância, por isso procura van Houtten.

Hazel é realista, introvertida, isolada... porque não quer magoar quem a ama. Hazel aceita a inevitabilidade e a dor... Porque a dor tem de ser sentida. Só não aceita que os outros a vivam por ela, através dela... a usem como desculpa.

The Fault in our Stars é um retrato de tantas vítimas, de tantos sobreviventes. Um retrato que me confirmou a necessidade de aceitarmos a morte como parte da vida. Nuns casos mais presente, noutros mais ausente.