29 março 2007

Hate Me - Blue October

Hate me today
Hate me tomorrow
Hate me for all the things I didn’t do for you

Hate me in ways
Yeah ways hard to swallow
Hate me so you can finally see what’s good for you

And with a sad heart I say bye to you and wave
Kicking shadows on the street for every mistake that I had made
And like a baby boy I never was a man
Until I saw your blue eyes cry and I held your face in my hand
And then I fell down yelling “Make it go away!”
Just make a smile come back and shine just like it used to be
And then she whispered “How can you do this to me?”

Hate me today
Hate me tomorrow
Hate me for all the things I didn’t do for you

Hate me in ways
Yeah ways hard to swallow
Hate me so you can finally see what’s good for you

If you're sleeping, are you dreaming,
if you're dreaming are you dreaming of me.
I can't believe you actually picked me


[às vezes, quando queremos muito uma coisa e temos medo de a perder, cometemos grandes erros, magoamos e magoamo-nos, temendo, por uma lado, as consequências e escondendo-nos, por outro, atrás das desculpas mais absurdas... eu chamo-lhe orgulho e estou a substituí-lo pelo silêncio, ao menos assim não me arrependo depois do que disse. eu não quero que me odeies, bem pelo contrário...]

Danika


Danika. Um triller psicótico, com uma realização assustadora fundamentada em flashbacks e premonições. De difícil digestão, afinal as suas visões são o inconsciente dos nossos piores receios. Com a interpretação neuroticamente brilhante de Marisa Tomei.


A história da 'loucura' de uma mulher que ama demais. Demasiado preocupada com a vida, com os família, com a perfeição. Insegura de si, começa a ter alucinações em que faz tudo mal: os cálculos no emprego, a educação dos filhos, a dedicação ao marido. Mas os pesadelos e as visões de mortes intensificam-se e a fronteira entre a realidade e o pressentimento esbatem-se e nem os tratamentos psiquiátricos parecem fazer efeito.


A lição: quando se vive para os outros, tentando protegê-los numa redoma e achando que só nós sabemos o que é melhor para eles acabamos por nos esquecer que viver não é necessariamente um rol de 'nãos', 'dores' e porquês... a vida deve ser bem mais leve. Há que viver e deixar viver. Um filme sobre confiança: em nós e nos outros. Quando a nossa auto-confiança nos falta, não conseguimos confiar nos outros e acabamos por sofrer e fazer sofrer. Daí à concretização dos nossos receios está um espaço demasiado curto e tudo o que temermos terá espaço para acontecer...

27 março 2007

A Comenda Secreta


D. Afonso Henriques e Gualdim Pais pertencem a um grupo secreto onde as tradições judaica, muçulmana e cristã estão representadas através dos seus membros. Mas os conhecimentos sigilosos desta «comenda secreta» estão em perigo devido à espionagem levada a cabo pelo rei de Leão e Castela e seus conselheiros. Os documentos secretos têm se ser preservados a todo o custo, para que o projecto do reino de Portugal possa vir a ser a realidade ímpar sonhada para os séculos futuros. A fundação da cidade templária de Tomar é o palco principal onde se desenvolve a trama em que a iniciação dos membros mais jovens da «comenda» e uma história de amor marcam o ritmo deste romance que evoca um grande mistério da nossa história.
A tolerância religiosa, a grandiosidade da actuação dos monges-guerreiros, por um lado fiéis aos seus princípios, por outro deslumbrados pela riqueza. Maria João Pardal e Ezequiel Marinho não pretenderam retratar a Ordem do Templo como uma ordem supra-humana mas antes humana e com as falhas e crueldade que isso acarreta.
Um romance simples e pouco ambicioso, que entretém usando como pano de fundo a minha magnífica cidade natal: Tomar. E sim, é uma cidade cheia de energias, cheia de mistérios sem fim e de túneis misteriosos entre a excepcional Igreja de Santa Maria dos Olivais (de heranças pagãs) e o Castelo que encerra o Convento de Cristo (sede da Ordem de Cristo, herdeira templária).
Um ponto de partida para se compreender a têmpera de quem faz Portugal, para nos apaixonarmos pela iniciação no caminho do «ser português», mas atenção... nada mais do que isso!

23 março 2007

Quieres Ser Mi Amante (Camilo Sesto)

Decir te quiero decir amor no significa nada
las palabras sinceras las que tienen valor
son las que salen del alma
y en mi alma nacen, solo palabras blancas
preguntas sin respuestas llenas de esperanzas...
un amor como el mio no se puede ahogar
como una piedra en un rio
un amor como el mio no se puede acabar
ni estando lejos te olvido,
y no se puede quemar porque esta hecho de fuego,
ni perder ni ganar
porque este amor no es un juego...

sueños que son amor...
son sueños que son dolor...
yo necesito saber si quieres ser mi amante...

es bonito reir amar y vivir todo por alguien
y si es preciso sufrir llorar o morir todo por alguien.
yo necesito saber si quieres ser mi amante
yo necesito saber si quieres ser mi amante.

vivir o morir vivir o morir...
pero contigo…


[eu ainda nem era nascida... 1976... é o resultado de andar armada em DJ para os cotas... de qualquer forma e mensagem está lá... pena não existir mesmo alguém por quem se sinta a necessidade de viver ou morrer com... pena não existir um amor como fogo que não se pode queimar nem destruir com palavras, com rotinas, com estupidez... pena já não existirem sentimentos com os quais não se possa jogar! afinal hoje em dia tudo parece ser competição, jogos de ganhar e perder; proximidades de afectos interesseiros...]

21 março 2007

Viver sempre também cansa!



O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul, nitidamente azul,
ora é cinza, negro, quase-verde...
Mas nunca tem a cor inesperada.
O mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.
As paisagens também não se transformam.
Não cai neve vermelha, não há flores que voem,
a lua não tem olhos
e ninguém vai pintar olhos à lua.
Tudo é igual, mecânico e exacto.
Ainda por cima, os homens são os homens.
Soluçam, bebem, riem e digerem
sem imaginação.
E há bairros miseráveis, sempre os mesmos,
discursos de Mussolini,
guerras, orgulhos em transe, automóveis de corrida...
E obrigam-me a viver até à Morte!
Pois não era mais humano
morrer por um bocadinho,
de vez em quando,
e recomeçar depois,
achando tudo mais novo?
Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
morrer em cima de um divã
com a cabeça sobre uma almofada,
confiante e sereno por saber
que tu velavas por mim, meu amor do Norte.
Quando viessem perguntar por mim,
havias de dizer com o teu sorriso
onde arde um coração em melodia:
"Matou-se esta manhã.
Agora não o vou ressuscitar
por uma bagatela."
E virias depois, suavemente,velar por mim, subtil e cuidadosa,
pé ante pé, não fosses acordar
a Morte ainda menina no meu colo...


José Gomes Ferreira (1900 - 1985)
[viver sempre cansa e muito... vou suicidar-me por uns tempos!]

16 março 2007

Bittersweet - Apocalyptica

I’m giving up the ghost of love
In the shadows cast on devotion

She is the one that I adore
queen of my silent suffocation

Break this bittersweet spell on me
Lost in the arms of destiny
Bittersweet

I won’t give up
I’m possessed by her

I'm bearing her cross
She's turned into my curse

Break this bittersweet spell on me
Lost in the arms of destiny
Bittersweet

I want you
Oh I wanted you
And I need you
How I needed you

Break this bittersweet spell on me
Lost in the arms of destiny
Bittersweet


[bem lá no fundo, no local onde mora a emoção... este tempero adoça-me o ser enquanto a provocação magoa a ausência...]

13 março 2007

O Número de Deus



O Número de Deus - o Segredo das Catedrais Góticas

[José Luis Coral]


Na Idade Média, o século XIII foi o século da mulher e das catedrais, uma época de culto à poesia, ao amor e à inteligência que encontra uma das suas expressões mais completas na arte gótica e permite a harmonia entre a beleza artística e a homenagem à deidade cristã. No entanto, é também uma época de perseguições religiosas que obrigam à clandestinidade e ao silêncio de personagens como a protagonista de O Número de Deus, Teresa Rendol. Filha de um mestre pintor e ela própria pintora desde muito jovem, a sua história atribulada leva-a a ser protagonista da construção das catedrais de Burgos e Leão, e a entrar em contacto com um dos segredos mais bem guardados, transmitidos de geração em geração entre o grémio dos arquitectos - o número de Deus, o segredo sobre o qual se sustentam as catedrais do novo estilo importado de França. No seu regresso à época medieval, José Luis Corral oferece-nos a detalhada paisagem histórica de um momento chave na evolução artística e ideológica da Europa, ao mesmo tempo que nos faz mergulhar num mistério de primordial importância.

Várias teorias apontam os Templários como os grandes impulsionadores da arquitectura gótica. Da construção do Templo que constituiria o prolongamento para a ascensão do homem à morada divina. No contraste das grandes construções que demoraram séculos a serem erigidas e adoradas - algumas delas ainda inacabadas - uma herança persistente que ainda hoje se admira e que ainda hoje permanece incompreensível. O Número de Deus no equilíbrio do Templo, a luz na significação das cores vitrais... o hermetismo e a cabala (quiçá!)
Um romance impregnado de mensagens históricas e humanas, de integridade e intolerância, de amores e adorações eternas.
Uma forma deliciosa de aprender!

06 março 2007

If thou must love me, let it be for nought

[Rassouli - Scent of Love]





IF thou must love me, let it be for nought
Except for love’s sake only. Do not say
“I love her for her smile—her look—her way
Of speaking gently,—for a trick of thought

That falls in well with mine, and certes brought
A sense of pleasant ease on such a day”—
For these things in themselves, Belovèd, may
Be changed, or change for thee,—and love, so wrought,

May be unwrought so. Neither love me for
Thine own dear pity’s wiping my cheeks dry,—
A creature might forget to weep, who bore

Thy comfort long, and lose thy love thereby!
But love me for love’s sake, that evermore
Thou mayst love on, through love’s eternity.

[Elizabeth Barrett Browning - Sonnets from the Portuguese XIV]



uma das mais belas mensagens de amor que interiorizei.
Amar pelo amor, não pela necessidade, não pelo gesto, não pelo corpo, não pelas palavras... não por absolutos, mas apenas pelo amor, pelo sentimento, pela empatia, pela alegria de sentir o ser amado.
O encontro das essências que tanto tarda.
Daí talvez a resposta: «não te sei dizer porque gosto dele, afinal sinto-me sempre em antítese...
mas sei que gosto!»

(poema e tradução no link)

02 março 2007

Ítaca de Konstantínos Kaváfis


Cuando emprendas tu viaje hacia Ítaca
debes rogar que el viaje sea largo,
lleno de peripecias, lleno de experiencias.
No has de temer ni a los lestrigones ni a los cíclopes,
ni la cólera del airado Posidón.
Nunca tales monstruos hallarás en tu ruta
si tu pensamiento es elevado, si una exquisita
emoción penetra en tu alma y en tu cuerpo.
Los lestrigones y los cíclopes
y el feroz Posidón no podrán encontrarte
si tú no los llevas ya dentro, en tu alma,
si tu alma no los conjura ante ti.
Debes rogar que el viaje sea largo,
que sean muchos los días de verano;
que te vean arribar con gozo, alegremente,
a puertos que tú antes ignorabas.
Que puedas detenerte en los mercados de Fenicia,
y comprar unas bellas mercancías:
madreperlas, coral, ébano, y ámbar,
y perfumes placenteros de mil clases.
Acude a muchas ciudades del Egipto
para aprender, y aprender de quienes saben.
Conserva siempre en tu alma la idea de Ítaca:
llegar allí, he aquí tu destino.
Mas no hagas con prisas tu camino;
mejor será que dure muchos años,
y que llegues, ya viejo, a la pequeña isla,
rico de cuanto habrás ganado en el camino.
No has de esperar que Ítaca te enriquezca:
Ítaca te ha concedido ya un hermoso viaje.
Sin ellas, jamás habrías partido;
mas no tiene otra cosa que ofrecerte.
Y si la encuentras pobre, Ítaca no te ha engañado.
Y siendo ya tan viejo, con tanta experiencia,
sin duda sabrás ya qué significan las Ítacas.

[e na minha versão curta:
Weg ist mein Leben, Tod ist immer das Ende]